Assine

Moradores e comerciantes protestam contra o abandono do antigo Centro de Convenções da Bahia


 

Neste sábado (23), o desabamento parcial do equipamento completa sete anos

  • Priscila Natividade

Publicado em 23/09/2023 às 10:34:05
Moradores e comerciantes protestaram na frente do antigo equipamento. Crédito: Priscila Natividade/CORREIO

Neste sábado (23), completa sete anos do desabamento parcial do Centro de Convenções da Bahia. A data, que reforça a situação de abandono que área se encontra, levou moradores e comerciantes dos bairros Costa Azul, Stiep, Jardim Armação e áreas vizinhas a se reunirem em frente ao local para protestar e pedir ao governo do estado transparência e celeridade do desmonte do equipamento. Os manifestantes exigiram também uma decisão sobre o que será feito com o terreno.

A iniciativa foi promovida por associações locais, incluindo a Associação dos Moradores e Amigos do Costa Azul (AMOCA), Associação de Moradores de Armação (AMAR), Associação dos Moradores do Jardim Atalaia - Stiep (AMJA) e Associação de Moradores Arnaldo Lopes da Silva - Stiep (AMALS), além do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg).

"São sete anos desse desastre. O governo fez promessas, mas as ações não aconteceram. Hoje vivemos uma situação de insegurança porque o local se transformou em um abrigo de bandidos e usuários de drogas. O que a gente quer aqui é que o estado promova a limpeza e a demolição, que traga uma proposta de destinação responsável desse espaço", destacou o presidente da Associação Arnaldo Lopes da Silva e do Conselho Comunitário de Segurança, Bruno Cardoso. Ele pontuou ainda que o antigo centro de convenções sempre foi um grande polo de negócios, além de um vetor de importância econômica para o desenvolvimento e comércio local.

por

Bruno Cardoso

"O que a gente quer aqui é que o estado promova a limpeza e a demolição, que traga uma proposta de destinação responsável desse espaço"

“Redes hoteleiras foram criadas aqui e um comércio pensando nessa oferta de demanda. Quando o centro de convenções foi abandonado, vários hotéis fecharam e outros negócios também. A fragilidade existe, o impacto na economia do bairro é forte e é aí que vem os reflexos. Fora toda a desvalorização do patrimônio. Há alguns anos, Senar e Fieb já haviam demonstrado interesse em fazer daqui um centro tecnológico, só que isso não avançou”, argumenta Cardoso.

Para ele, uma das saídas é justamente, a de tornar o local esse centro tecnológico. “Enxergamos, sim, essa possibilidade e defendemos a proposta de retorno das conversas entre o Sistema S – indústria, comércio e agricultura. Hoje, a principal saída é demolição e limpeza e colocar na mesa as opções do que pode ser feito”.

Antes do 'abraçaço' em torno da rotatória em frente ao antigo centro, um bolo e um ‘parabéns’ coletivo foi mais uma maneira que os manifestantes encontraram de protestar contra o descaso. "O que queremos hoje é transparência total pelo governo sobre o que vai acontecer com o centro. Já agendamos para o dia 10 de outubro uma audiência pública na câmera municipal. Tudo isso precisa ser apresentado e discutido com a sociedade", disse o vereador Claudio Tinoco que entregou ontem (22) à governadoria, um documento protocolado solicitando o acesso às informações referentes ao andamento do plano de desmonte e destinação da área.

por

Claudio Tinoco

"O que queremos hoje é transparência total pelo governo sobre o que vai acontecer com o centro. Já agendamos para o dia 10 de outubro uma audiência pública na câmera municipal"

No documento, como acrescenta Tinoco, foi questionado se já existe um orçamento para o serviço de demolição, valor e empresa que deve realizar o serviço, assim como o prazo previsto para a sua conclusão. Outro ponto trazido pelo documento foi o fato de averiguar se ainda existe alguma indisponibilidade do imóvel pelo estado por ordem judicial e qual o atual estágio das ações, objetos, valores e processos na justiça.

O vereador Claudio Tinoco levou um bolo simbólico para manifestar o 'aniversário' do descaso com a área do antigo centro de convenções . Crédito: Priscila Natividade/ CORREIO

“Existe todo um histórico que precede esses 7 anos. O centro foi interditado por falta de manutenção e com isso, a Bahia, inclusive, perdeu diversos eventos. Fizemos o primeiro ‘abraçaço’ cobrando reformas. Só que em 2016, houve o acidente que nunca foi revelado o motivo do desabamento. Passados esses 7 anos, o uso do equipamento para o turismo acabou sendo suprido pelo novo centro de convenções construído pelo município, mas, precisamos saber qual a finalidade de uma possível venda dessa área do governo do estado”.

Destino

Presidente da Associação de Moradores de Armação (AMAR), Roberto Di Tullio, defende que o espaço seja usado para a construção de um oceanário. “Existe esse outro projeto também engavetado sobre a instalação de um oceanário aqui. Infelizmente, foi mais um que não avançou. É outra proposta, assim como um parque com as dunas. Fazer uma parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e colocar um espaço de preservação ambiental com essa proposta turística de visitação”.

por

Roberto Di Tullio

"Existe esse outro projeto também engavetado sobre a instalação de um oceanário aqui. Infelizmente, foi mais um que não avançou. "

Não é bem a restauração ou construção de um novo centro de convenções no lugar, mas um equipamento que possa fomentar a atividade turística e de lazer na região. “São vários polos de atração. Um estacionamento é outra saída. O que não pode mais é manter os moradores e negócios inseguros com relação ao uso desse espaço e vulneráveis a bandidagem que se instalou nas ruínas do centro de convenções. Chega 18h, ninguém mais quer sair de casa”, opina Di Tullio.

Já o presidente Associação dos Moradores do Jardim Atalaia - Stiep (AMJA), José Mário Santiago, dentre as opções para se reutilizar a área está a transformação em uma central de entrada de um polo turístico que possa unir as Dunas do Stiep, a Lagoa dos Patos e o Parque dos Dinossauros. “A gente tem aqui as dunas, a floresta, vertente de água limpa. Tudo isso pode ser usado como uma área de preservação ecológica e fazer esse parque tríplice”.

José Mário Santiago insiste que o movimento vai permanecer fortalecido. “Teve uma casa ali na rua da Estácio que foi assaltada três vezes na mesma semana. Mandamos as imagens das câmeras para a polícia. Não queremos outro centro. O novo, já atende. É repensar aqui outra maneira de usar esse espaço. Nós não vamos desistir. Continuamos insistindo. Desde 2015, a gente vem brigando por isso”.