'Merecia ficar o resto da vida preso', diz mãe de médico morto por colega na Bahia
Ela veio do Acre para Feira de Santana acompanhar o julgamento e viu réu ser condenado a 17 anos de prisão
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Da Redação
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A mãe do médico Andrade Lopes Santana, que foi assassinado ao 32 anos em São Gonçalo dos Campos, na Bahia, em 2021, diz que o condenado pelo crime "merecia passar o resto da vida preso pelo que fez". O médico Geraldo Freitas Júnior foi condenado a 17 anos, 10 meses e 15 dias de prisão pelo crime, em julgamento que terminou na madrugada da sexta (27), após mais de 20 horas.
Em entrevista ao G1 Acre, Dormitília Lopes contou que saiu do Acre, onde mora, para acompanhar o julgamento em Feira de Santana, cidade próxima a onde o crime aconteceu. Além dela, viajaram também uma irmã, um cunhado e uma tia de Dormitília.
"Não ouvi ninguém dizendo que meu filho era feio, foram só elogios. O que podia ser feito os promotores fizeram, foram muito bons. Ele merecia passar o resto da vida preso pelo o que fez", avaliou a mãe da vítima. "Passamos 20 horas ouvindo os sete advogados dele sustentando que foi acidental, mas não conseguiram".
Ela contou ainda que temia que os adiamentos fizessem as pessoas esquecer do crime. "Demorou muito o julgamento, ele queria que o povo da Bahia esquecesse, mas o pessoal foi em peso para lá", disse.
O julgamento estava marcado para dezembro de 2023, mas foi adiado após a defesa pedir mudança da comarca de origem.
Crime
Andrade desapareceu em 24 de maio de 2021, quando saiu de Araci, onde morava, para Feira de Santana. O corpo do médico acreano foi achado no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, quatro dias depois. Geraldo, que foi quem procurou a polícia para registrar o desaparecimento do colega, foi preso no mesmo dia.
Em depoimento, ele confessou o crime. Andrade foi morto com um tiro na nuca. Depois, Geraldo amarrou uma âncora ao corpo dele para que afundasse no Rio Jacuípe.
A motivação do crime seria um desentendimento entre os dois - Geraldo comprou uma caminhonete em nome de Andrade, mas o pagamento não foi feito como combinado. A defesa do médico preso alegou que a morte acabou acontecendo de maneira não intencional, mas a polícia sustentou que houve premeditação e que Geraldo atraiu Andrade para o meio do rio, para onde levou uma corda, uma âncora e a arma, já com a ideia de matá-lo.
Os dois médicos se conheceram quando estudavam em uma faculdade na Bolívia. Já formados, vieram para a Bahia trabalhar e continuaram próximos. Geraldo chegou a receber a família de Andrade nas buscas depois que ele desapareceu, antes de ser apontado como o responsável pela morte do colega.