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'Medo de andar dentro de casa', diz moradora da Graça que teve apartamento atingido por bala perdida


 

"Uma bala perdida no 13° andar. A gente fica muito assustada", diz administradora de empresas

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 04/09/2023 às 10:55:17
Bala entrou em apartamento no 13º andar. Crédito: Acervo Pessoal

A administradora de empresas Ritah Oliveira viveu um início de segunda-feira (4) de pânico no apartamento em que mora com a mãe, na Rua Manoel Barreto, na Graça. Quando ajudava a mãe, uma idosa de 83 anos, a se preparar para dormir, por volta das 0h30, ela ouviu um ruído de vidro quebrando no apartamento. Na hora, ela imaginou que uma cristaleira que guarda na cozinha havia caído no chão. 

"Durante a noite inteira a gente estava ouvindo os tiroteios", conta Ritah, em referência a troca de tiros registradas no Alto das Pombas e também no Calabar. Apesar disso, ela não imaginou que iria encontrar a cena que presenciou na sala de casa: "Quando liguei a luz, vi aquele buraco no vidro da janela. "O projétil está aqui no meio da minha sala. Entrou pela janela, bateu na parede, ricocheteou e caiu".

Ela diz que só consegue imaginar o que poderia acontecer caso não estivesse no quarto da mãe. "Não pegou em ninguém porque nessa hora eu estava em pé, na mesma posição, no quarto de minha mãe. Se eu estivesse na sala não estaria falando com você agora", diz. "Uma bala perdida no 13º andar. A gente fica muito assustada".

Ritah diz que ligou para o 190 e foi informada que nenhum policiamento iria até sua casa, sendo orientada a procurar a delegacia mais próxima para registrar o caso - o que ela pretende fazer hoje. "Me perguntaram se alguém estava ferido ou tinha morrido. Aí falei que não e disseram que não viriam. Aí falaram que tinha que dar uma queixa para fazer a perícia. De segurança a gente não recebeu nada", afirma. "Quando a polícia disse que não viria aqui me senti completamente órfã, solta".

Ritah critica a segurança da cidade e diz acreditar que o Calabar precisa de uma "intervenção". "A gente está vivendo uma insegurança bem preocupante, esse conflito armado que está acontecendo aqui no Calabar, Alto das Pombas. Aqui na Graça, um prédio dessa altura, a bala entrou como se fosse uma pedra jogada por uma criança", se assusta. "O Rio de Janeiro veio para Salvador e os bandidos estão vendo que aqui é fácil para eles", critica. "A gente está vivendo como se tivesseno Iraque. No Rio é assim. Mas aqui na Bahia não era assim".

Além de Ritah e da mãe, um sobrinho dela, de 16 anos, estava no apartamento no momento do episódio. "Eu estou com medo de andar dentro de casa", afirma.

A administradora também contabiliza prejuízos materiais, como o vidro da janela, que terá que ser trocado, e emocionais. "Ela é cardiopata, está meio abalada", afirma. "Eu, enquanto pessoa, não estou legal. Foi um susto muito grande. A gente não imagina só o que está vendo, imagina o que teria acontecido. Minha mãe levanta de madrugada, como eu levanto. Eu estava acordada".