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'Me bateu na covardia', diz homem que levou murro de Igor Kannário


 

Cantor diz que homem estava olhando 'de forma maldosa' para sua filha adolescente, o que ele nega

  • Da Redação

  • Gilberto Barbosa

Salvador
Publicado em 30/01/2024 às 18:22:09
Paulo Anderson Lopes. Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

O funcionário de uma empresa de manutenção predial Paulo Anderson, de 31 anos, diz que o cantor Igor Kannário o atacou de maneira "covarde" na frente de uma farmácia em Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas, na tarde desta terça-feira (30). Paulo estava na unidade acompanhado do chefe e de colegas para fazer um serviço de manutenção quando a esposa e a filha de Kannário entraram na farmácia. 

Segundo o homem, Kannário agiu quando ele não esperava. "Eu tô retado com isso. Muito mesmo. Tomei um murro no rosto. Não se bate na casa de homem, não. Ainda mais na covardia. Se tivesse rolado uma briga, beleza. Tranquilo pra mim. Brigou na mão. Mas me bateu na covardia. Deixa aí para a Justiça resolver. Ele tá alegando certo tipo de coisas, ele chegue e prove. Minha parte eu tenho prova. Vídeo, prova ocular. Deixa ele fazer o que quiser e a Justiça toma conta dele", afirmou. 

Ele conta que estava na frente da farmácia quando alguém notou a aproximação da influencer Lai Mattos, mulher de Kannário, e a reconheceu. "Eu estava na frente da farmácia aguardando meu patrão para ir embora, eu, colega de trabalho e dois funcionários da farmácia. Entrou duas mulheres, um dos brothers meu sinalizou 'Essa é esposa do Igor Kannário'. Eu virei e falei que não conhecia", conta. Quando Lai foi sair, um colega novamente falou para Paulo ver.

Paulo diz que Kannário estava o tempo todo dentro do carro, até que saiu do veículo alterado. "A esposa dele estava na frente e a filha dele atrás. Só sei que é filha dele porque ele falou quando veio me abordar. Falei 'pô, já vi foto dela com ele já'. Pronto, ela seguiu em direção ao carro. Ele estava dentro com o carro vedado, a gente nem tinha visto ele. Voltei pra conversar. Ele saiu de dentro do carro, sem camisa e alterado, me questionando e dizendo que eu estava mexendo com a filha dele. Falei que ninguém mexeu com a filha dele, que o rapaz reconheceu a esposa, que eu não conhecia", conta. 

A briga rapidamente evoluiu para o físico. "Eu fui e segurei no ombro dele, falando com ele, e explicando que não estava acontecendo que ele supostamente viu, ou cogitou na mente dele. E ele insistindo. Quando toquei no ombro dele, ele falou 'não pegue em mim', e eu tirei a mão. De imediato ele pegou no meu ombro. Aí falei 'por favor, não pegue em mim também, não posso tocar em você, não toque em mim'. Aí ele fez menção como se tivesse indo em direção ao carro", diz.  "Quando eu vi, foi só a pancada. Nem vi ele batendo. Aí dei pra trás, mas não caí. No ato, voltei e fui pra cima. Aí o pessoal tomou a frente. O pessoal querendo apaziguar, ele entrou no carro dele e foi embora. Fui no médico e o pessoal me aconselhou a prestar queixa", conta. 

Paulo diz que a agressão não se justificaria nem se ele tivesse de fato olhado para a filha de Kannário, uma adolescente de 17 anos. "Isso não se faz. Mesmo se eu estivesse olhando pra filha dele, que ele está alegando, isso não dá motivo a ninguém para agredir o outro. Não sei desde quando olhar é crime. Como ele sabe que eu estava com olhar de maldade pra filha dele, como ele está alegando? Eu não sei identificar, você olhando com olhar de maldade para uma pessoa. Que tinha duas. A esposa dele e a filha. Como ele estava ouvindo piadinha se ele estava dentro do carro, afastado? Tem a filmagem da loja que vai comprovar tudo isso aí. Ele sabe que está errado. Ele é covarde, não é homem. Se fosse homem tinha vindo de frente", afirma. 

Paulo reforça que não teve qualquer comportamento inadequado com a filha de Kannário. "Eu nem sabia que ele tinha filha. Soube porque ele falou. Ainda falou 'uma criança de 17 anos'. E a gente não estava bulindo com ela. E se ela falar o contrário está mentindo, pode ter certeza. Se eu tivesse mexido eu falava mesmo". 

O chefe da vítima Vitor Teles, 42, conta que a equipe estava prestando serviços na farmácia no momento do incidente. "Entraram uma mulher e uma criança na farmácia e comentaram que eram parentes dele. A gente ficou olhando porque a gente nunca tinha visto ele pessoalmente. Não houve conversa maliciosa".

Segundo o funcionário da empresa, Alzival Rabelo, 46 anos, foi nesse momento que Igor Kannario desceu do carro e foi em direção ao trio. "Ele chegou alegando que estávamos olhando pra filha dele. A gente explicou que ele estava enganado. Quando ele estava saindo, ele virou e deu um soco no meu colega".

Em nota divulgada pela assessoria, Kannário estava dentro do carro quando percebeu que um rapaz olhava "de forma maldosa" sua filha. Ele ainda conta que o homem chamou mais dois amigos para olhar a garota, que estava indo até a farmácia, e o grupo fez gestos obscenos, com insinuações de cunho sexual.

"Incomodado com a situação, Igor desceu do carro e pediu respeito e informou que era sua filha, uma criança que estava de short, e que poderia facilmente ser filha de qualquer um dos três. No lugar de um pedido de desculpas, ouviu deboche. Não só por se tratar de sua filha, mas por ser uma criança; de forma repentina, impensadamente, o cantor se envolveu em um desentendimento", afirmou, em nota, a assessoria do cantor.

Caso de polícia

Paulo levou quatro pontos no rosto, em atendimento no Hospital Menandro de Farias, também em Lauro de Freitas. O caso foi registrado na 23ª Delegacia (Lauro de Freitas). 

O delegado Joelson Reis, da 23ª Delegacia, diz que a polícia vai ouvir testemunhas, envolvidos e solicitar imagens das câmeras de segurança da farmácia durante a investigação. "Chegou ao conhecimento da nossa unidade policial, através dessa vítima, que o mesmo teria sido agredido pelo cantor Igor Kannário, na frente de uma farmácia de Vilas do Atlântico. Ele está com o rosto lesionado, por ter sido agredido com um soco pelo referido cantor. Deslocou-se até nossa unidade, fez o boletim de ocorrência e nós iniciamos as providências de polícia judiciária. Expedição de guia, oitiva da vítima e de testemunhas", explicou.

Segundo o delegado, não há necessidade de Kannário prestar outra queixa, já que a polícia já está investigando o caso. "Vamos também fazer ofício requerendo as imagens de segurança e após análise das imagens e da coleta de depoimentos, das vítimas e testemunhas, já demos início ao procedimento policial e depois será concluído. Kannário vai ser intimado para prestar esclarecimentos a cerca do fato, uma vez que foi citado como o agressor. Ele deve comparecer à unidade policial para prestar declarações e contar a versão dele. A própria filha pode ser oitivada, acompanhada de um responsável. Não há necessidade de um outro registro para apurar o mesmo fato", concluiu.