Assine

'Mandei mensagem sem saber que tinha sido ele', diz amigo de agente da PF morto em Valéria


 

Lucas Caribé parou de advogar para entrar na Polícia Federal

  • Maysa Polcri

Publicado em 16/09/2023 às 05:00:00
Agente deixou a advocacia em 2012, um ano antes de ingressar na PF. Crédito: Reprodução

A morte do agente da Polícia Federal (PF) Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos, deixou familiares e colegas de farda consternados. Nascido em Salvador, Lucas Caribé foi morto com um tiro no rosto durante operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), realizada em Valéria na sexta-feira (15). Em 2013, o agente ingressou na corporação no Pará, como escrivão, e retornou a Salvador sete anos depois para compor o Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom). Atualmente, Lucas fazia parte do Grupo de Pronta Intervenção da Bahia (GPI).

O GPI é uma unidade especializada da Polícia Federal que atua em situações emergenciais de médio risco e presta apoio ao Comando de Operações Táticas (COT). Segundo amigos de Lucas Caribé que estiveram no Instituto Médico Legal (IML) na manhã de sexta-feira, o agente era um profissional exemplar. Segundo um amigo próximo, Lucas deixa uma companheira com quem mantinha uma relação havia dez anos e não tinha filhos.

“A família está extremamente abalada e ninguém consegue falar. Ele era uma pessoa e profissional exemplar, estamos sem acreditar”, afirmou o amigo. Essa mesma pessoa contou que mandou uma mensagem para Lucas quando soube que um agente havia sido morto durante a operação. “Eu mandei uma mensagem para ele hoje de manhã quando soube da morte de um colega de farda me solidarizando. Não sabia que ele tinha sido a vítima”, lamentou.

Um primo e um tio de Lucas Caribé estiveram no IML, mas, abalados, não conversaram com a imprensa. Lucas chegou a ser levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu. O corpo do agente da PF chegou ao Instituto Médico sob escolta policial por volta das 8 horas da manhã e foi liberado antes do meio-dia. Segundo amigos, o desejo dos parentes era que o sepultamento fosse realizado ainda na sexta-feira (15).

Lucas Caribé estudou no Colégio Antônio Vieira, no Garcia, e se formou na turma de 1998. Nas redes sociais, o colégio publicou uma nota de pesar em que se solidariza com a família e amigos do ex-aluno. Na publicação, uma mulher, identificada como Andrea Meyra, lamentou profundamente a morte do policial. "Meu amor, verdadeiro amor da minha vida, obrigada por esses 10 anos juntos. Sem condições de dizer o que você significa para mim. Que Deus te receba", escreveu. O CORREIO não conseguiu confirmar se esta mulher era a esposa do policial.

Em abril de 2007, Lucas Caribé ingressou na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Salvador. Ele deixou a advocacia em dezembro de 2012, antes de entrar na PF. “A Ordem se solidariza com familiares, amigos e colegas enlutados, desejando a todos força e serenidade para enfrentar esse momento de dor e saudade”, disse a OAB, em nota.

A Polícia Federal, Civil e Militar, além da Polícia Rodoviária Federal, divulgaram nota lamentando o ocorrido. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) afirmou que “repudia veementemente os ataques sofridos pelos policiais”. “Acompanhamos o andamento das investigações e cobramos das autoridades competentes uma célere e rigorosa punição dos criminosos”, pontuou.

O diretor-geral substituto da PF, Gustavo Paulo Leite de Souza, decretou luto oficial de três dias pela morte. A reportagem entrou em contato com Sindicato dos Policiais Federais do Estado da Bahia (Sindipol), mas eles não se manifestaram sobre a morte de Lucas Caribé.

O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto, prestou solidariedade a todos os policiais que estão atuando contra a criminalidade na Bahia.

“Em mais um episódio lamentável envolvendo a morte de policiais no cumprimento de suas funções, presto minha solidariedade a todos os profissionais de segurança pública da Bahia, especialmente aos integrantes das polícias Militar, Civil e Federal. Que Deus conforte a corporação, amigos e familiares de todos os policiais que, diariamente, se arriscam para proteger milhões de baianos”, escreveu Neto no Twitter.

O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, lamentou a morte do policial. "Caribé era um irmão", escreveu Werner. "Faremos tudo o que estiver ao alcance para levar os responsáveis à Justiça. Manter a serenidade e adotar todas as ações necessárias para chegar aos responsáveis", acrescentou. "Deus o receba e conforte sua família e amigos neste momento!".

O governador Jerônimo Rodrigues também se posicionou. "Quero ser solidário à PF, perdemos um homem em confronto com o crime organizado, as facções. A polícia está indo de encontro a aquilo que não vai se estabelecer no estado da Bahia, que é a ocupação pelo crime organizado. Vamos continuar firmes", disse ele, que está em Feira de Santana para entrega de viaturas.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) também se manifestou sobre a morte do agente da PF. “Em honra à memória de Lucas e daqueles que dedicam suas vidas diuturnamente à segurança dos cidadãos baianos, o Ministério Público renova seu compromisso e sua missão de combater o crime organizado e promover a paz social”, disse.