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Mal abriu e já vai fechar? Entenda como recuperação judicial pode afetar unidades da Starbucks em Salvador


 

Empresa que opera a marca no país entrou com pedido de recuperação judicial no dia 31 de outubro

  • Raquel Brito

Publicado em 09/11/2023 às 19:27:14
Starbucks do Shopping Barra. Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

No fim do mês passado, a empresa SouthRock, responsável no Brasil por marcas como Starbucks, Subway e Eataly, entrou com pedido de recuperação judicial devido a problemas financeiros: uma dívida de R$1,8 bilhões. Após o pedido, 43 unidades da Starbucks ao redor do país fecharam as portas e uma dúvida surgiu nos amantes soteropolitanos da marca: como ficarão as recém-abertas lojas de Salvador?

Victor Dutra, advogado e especialista em direito empresarial, explica que o pedido de recuperação pode trazer diferentes consequências para o funcionamento da cafeteria em Salvador. “Se as lojas estiverem dando prejuízo, é possível que fechem. Se a SouthRock não conseguir manter o uso da marca, pode ser que troquem de ‘marca’, caso queiram continuar operando”, diz.

O advogado reforça, ainda, que a crise da SouthRock está diretamente relacionada ao contexto brasileiro pós-pandemia e que a crise não se estende para as empresas internacionais representadas. “A inflação que corrói o poder de compra das famílias e a queda no consumo, sobretudo a alimentação fora do lar, e os juros altos que encarecem a estrutura financeira de quaisquer empresas[são alguns dos motivos]. Não por acaso, as dívidas apresentadas estão em quase R$2 bilhões e, quando os juros estão altos, fica cada vez mais difícil quitá-las”, diz.

O pedido de recuperação judicial da operadora ainda está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), mas foi concedida a tutela de urgência, que antecipa os efeitos da recuperação, protegendo temporariamente a empresa.

Em Salvador, primeira cidade do Nordeste a receber a Starbucks, a marca abriu sua primeira unidade em março deste ano, no Shopping da Bahia. Um mês depois, no dia 27 de abril, veio a loja do Shopping Barra. A terceira, ainda em construção, foi anunciada em julho, no Shopping Paralela.

Procurada sobre a possibilidade de fechamento das lojas e sobre o futuro da unidade do Shopping Paralela, a SouthRock não deu informações específicas sobre as lojas baianas, mas respondeu, em nota, quais mudanças são previstas pela empresa durante esse processo. “Os ajustes incluíram a revisão do número de lojas operantes, do calendário de aberturas, de alinhamentos com fornecedores e stakeholders, bem como de sua força de trabalho tal como está organizada atualmente”, disse a empresa.

Na nota, a operadora afirmou, ainda, que o processo de reestruturação começou com o apoio de consultores externos e stakeholders, mas o pedido de recuperação judicial foi feito de forma a ajustar o modelo de negócios da empresa à atual realidade econômica. A SouthRock acrescentou que, por decisão em conjunto com seus parceiros comerciais, a Subway não faz parte da solicitação de recuperação judicial.

Segundo Dutra, a empresa adotou o caminho correto ao optar pelo meio legal para reestruturar suas dívidas. “Na minha opinião, contudo, um grande desafio para a SouthRock será convencer empresas internacionais a permitirem o uso de suas marcas; ela precisará demonstrar um plano claro de recuperação, que não leve a um desgaste de marcas já consolidadas lá fora, ou caso não chegue a um acordo, pedir autorização judicial para continuar a usá-las”, afirma.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo