Mais de R$220 milhões em investimentos para conter violência
Governo do Estado e Ministério da Justiça e Segurança Pública formalizaram atos e investimentos nesta quinta-feira (5) para combate ao crime organizado
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Larissa Almeida
lpalmeida@redebahia.com.br
A escalada de assassinatos na Bahia, que virou pauta da mídia nacional nas últimas semanas, trouxe o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, a Salvador, ontem, para tentar transmitir a ideia de que o governo federal tem ferramentas para ajudar o estado a combater o crime organizado. A área da segurança pública é a de pior avaliação do governo Lula, segundo recente pesquisa do Instituto Atlas.
Na capital baiana Dino e o governador Jerônimo Rodrigues apresentaram acordos firmados e fizeram, dentre outras ações, a entrega de veículos e equipamentos destinados ao incremento do sistema prisional da Bahia, o repasse de R$ 5 milhões para o Programa Escola Segura e a inauguração do novo prédio da Superintendência da PF da Bahia. Ainda assim, tanto o ministro quanto o governador foram evasivos ao responder a questionamentos da imprensa sobre o plano para conter a onda de crimes.
O ministro anunciou de antemão que a Bahia possui um crédito de aproximadamente R$ 90 milhões, referente a recursos já existentes do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e que, na ocasião, estava recebendo mais R$ 134 milhões. Desse valor, R$ 39 milhões são relativos ao FNSP deste ano, que junto ao extra do Governo Federal, totalizou R$ 59 milhões.
“Desse valor, metade o governador já recebeu e metade a gente paga antes do Natal. Estamos fazendo uma transferência extra para o Governo do Estado de R$ 20 milhões, porque esse foi um pedido do governador Jerônimo para aluguel e compra de viaturas”, afirmou Flávio Dino.
Fortalecimento
O ministro também anunciou que está trabalhando para conseguir doar para a Bahia câmeras com tecnologia norte-americana, que devem ser implantadas no fardamento de policiais ainda neste ano.
“Deve ser a próxima parceria com o Governo do Estado para que haja, pioneiramente no Brasil, a utilização de tecnologia dos Estados Unidos. Nós vamos colocar à disposição da Bahia, porque isso também serve para proteger os profissionais e facilitar as investigações”, disse.
O uso de câmeras nas fardas dos policiais é uma demanda de parte da população, que acredita que a medida pode diminuir a letalidade policial na Bahia.
Letalidade
Segundo o titular da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), Marcelo Werner, em pronunciamento durante o evento, o desafio diário da secretaria é combater o crime organizado e diminuir a violência no estado.
“A gente vem trabalhando muito aqui na Bahia para poder diminuir e estamos diminuindo, melhorando todos os índices de criminalidade a partir de três eixos fundamentais”, disse, referindo-se à integração intersetorial, ao fortalecimento das ações de investigação e inteligência e à integração com os municípios.
Entre as justificativas para o emprego da força letal por parte da polícia baiana, está o combate ao tráfico de drogas e às facções. No mês passado, o bairro de Valéria, em Salvador, foi palco de uma megaoperação que resultou na morte de quatro suspeitos e do policial federal Lucas Caribé, 42 anos.
A região é disputada por facções por conta da vegetação nativa e densa, que possibilita esconderijo aos criminosos. Além de Valéria, outras regiões sofrem com a ação das organizações criminosas. O Comando Vermelho (CV), facção carioca que se estabeleceu na Bahia em 2020, vem alterando o direito de ir e vir das pessoas há, pelo menos, um ano, entre o final da Estrada Velha do Aeroporto e os fundos dos bairros Mussurunga II e Alphaville II.
No Alto das Pombas, onde o CV e a facção Bonde do Maluco (BDM) disputam o tráfico, a situação é a mesma. Em pronunciamento durante o evento, Jerônimo Rodrigues admitiu que a Bahia vive uma guerra contra o crime organizado.
Questionados sobre qual das medidas anunciadas seriam mais imediatas, e também sobre a possibilidade do uso da Força Nacional na Bahia, para auxiliar no combate à criminalidade, o governador Jerônimo não respondeu.
Já Flávio Dino foi evasivo na resposta ao primeiro questionamento e afirmou que, por hora, a opção do uso da Força Nacional não foi considerada necessária. “Essa é uma análise feita todos os dias. Nós confiamos nas equipes policiais da Bahia e no trabalho da PF e da PRF. Caso haja, eventualmente, uma mudança de cenário, é claro que a Força Nacional estará à disposição”, garantiu.
Ao ser mencionada a assinatura que autorizou o uso da Força Nacional para combater o crime organizado em Maré, no Rio de Janeiro, Dino argumentou que a Bahia tem um contexto com as facções que se difere do Rio de Janeiro. “No caso do Rio de Janeiro, há uma situação que se estende por décadas".
sob a orientação da sub-chefe de reportagem Monique Lôbo
Investimentos e atos assinados
- Inauguração das obras de modernização da sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) da Bahia – R$22 milhões
- Programa Escola Segura – Cerca de R$6 milhões
- Doações à polícia baiana – Cerca de R$1 milhão
- Sistema penitenciário do estado – R$5,2 milhões
- Nova unidade da Polícia Rodoviária Federal – R$411 mil
- Fumando a Fundo, no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) – R$5 milhões
- Programas que trabalham com juventude, política, arte e drogas – R$6,8 milhões
- Apoio às mulheres vítimas de violência – R$2 milhões
- Parceria entre o Governo Federal e o Governo da Bahia – R$23 milhões
- Entrega simbólica da PF de Vitória da Conquista
- Assinatura do termo de cooperação para implantação da Delegacia da PF em Feira de Santana, em até 45 dias
- Acordo de cooperação técnica para criação de Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), em Ilhéus
- Entrega de veículos e equipamentos destinados ao incremento no sistema prisional da Bahia
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo