Mais de dois mil alunos ficam sem aula em Valéria após morte em ação policial e protestos
Quatro instituições municipais estão com atividades suspensas desde terça-feira (17)
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
Cerca de dois mil alunos estão sem aula na localidade no bairro de Valéria, desde a terça-feira (17) por conta de casos de violência na região. No domingo (15), um jovem de 18 anos acabou morto em ação policial, o que desencadeou protestos de moradores nos dias seguintes.
Por conta do cenário, a Secretaria de Educação de Salvador (Smed) confirmou que as escolas Nossa Senhora Aparecida, São Francisco de Assis, Professor Ítalo Gaudenzi e Cmei Paulo Bispo Braz estão com atividades suspensas. As unidades de ensino ficam na Lagoa da Paixão e Nova Brasília. Ao todo, 2.225 estudantes foram impactados.
Nesta quarta-feira (18), os portões dos dois colégios permanecem fechados e não há ainda uma previsão de retorno. Procurada, A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (Sec) informou que as aulas na região dos bairros Valéria e Vista Alegre da rede estadual também estão suspensas por conta da dificuldade de acesso e falta de transporte público na região. A pasta, entretanto, não informou quais escolas e quantos alunos são afetados.
A situação na região também afetou a circulação de ônibus que, desde a segunda-feira (16), não estão circulando em Valéria, Vista Alegre e na própria Lagoa da Paixão. Em conversa com a reportagem, rodoviários contaram que há temor na classe de que ônibus sejam alvo de ataques e acabem incendiados.
Toda situação começou após a morte de Wendell de Aragão Pinto Ferreira dos Santos, 18 anos, que foi baleado por policiais durante uma ação na Lagoa da Paixão. Ele estava em uma moto com outro jovem que também foi baleado, mas teve alta do hospital depois de ser socorrido por moradores. Em nota sobre o caso, a PM afirmou que os dois acabaram baleados por entrarem em confronto com a polícia.
No entanto, moradores do bairro contestam a versão, afirmando que o jovem teria sido executado. Revoltados com a morte de Wendell, amigos, familiares e vizinhos foram para as ruas protestar, tentando interromper a circulação na Estrada do Derba. Desde então, houve tumulto com policiais. Na segunda-feira, um agente foi flagrado atirando com uma arma de balas de borracha no meio do protesto.
Já na terça-feira (17), houve mais confusão após os moradores realizarem um novo protesto. Os ânimos se acirraram após uma ação policial em residências próximas aos manifestantes, que afirmaram que um jovem teria sido levado pela polícia. Os PMs, por sua vez, apresentaram armamento, drogas e munições que foram encontradas na região de mata do local, mas afirmaram que não localizaram qualquer suspeito.
Após a ação, os moradores se revoltaram ainda mais e tentaram bloquear a Estrada do Derba ateando fogo em materiais na via para protestar. No entanto, PMs agiram tirando o material da pista, formando uma confusão. Enquanto parte dos manifestantes arremessavam garrafas contra os policiais, agentes usaram bomba de efeito moral e tiros com armas de bala de borracha para dispersar a população.
Em meio ao caos, moradores denunciaram agressões dos PMs.