Mãe Bernadete recebia ameaças constantes apesar de ter medida protetiva, diz advogado
Líder quilombola garantiu o direito à proteção após a morte do filho em 2017
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Wendel de Novais
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Da Redação
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A líder quilombola Mãe Bernadete, 72 anos, morta em Simões Filho nessa quinta-feira (17), sofria ameaças constantes. As mais recentes, segundo o advogado da família David Mendez, eram relacionadas à extração ilegal de madeira na área do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, que está em uma Área de Proteção Ambiental (APA).
"As mais recentes ameaças diziam à extração ilegal de madeira. Lá é uma APA e dentre as muitas brigas que Dona Bernadete capitaneava, ela era uma espécie de delegada da comunidade, com autoridade moral. Então ela não deixava que nenhuma bandidagem ou que nada eerrado se criasse. Ela batia de frente com facção criminosa, batia de frente com extração ilegal", disse o advogado.
Ele ressaltou ainda que a líder atuava "no vácuo do poder público". "Caberia a ela esse papel? Uma senhora de 72 anos? Ou caberia à Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública? Porque ela fazia isso no vácuo do poder público", questionou.
Ainda segundo ele, Mãe Bernadete tinha uma medida protetiva,executada pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado, desde que o filho Flávio Pacífico foi morto em 2017, mas que a segurança tinha falhas. "Só que era uma proteção falaciosa. Como é uma proteção sem polícia militar? Sabe como era a proteção? Uma viatura ia lá em horário indeterminado, às vezes de manhã, às vezes de tarde, e falava: "Oi, dona Bernadete, tudo bem com a senhora?". Uma proteção para inglês ver", reclamou.
O CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para saber detalhes sobre essa medida protetiva citada pelo advogado, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.