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Maçariqueiro na BA acusa ex-patrão de tortura e cárcere privado


 

Caso aconteceu em janeiro desse ano, em Simões Filho, após o empregador acusar a vítima de roubo

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 14/08/2023 às 23:17:47
Ministério Público do Trabalho acompanha o caso. Crédito: Divulgação/MPT-BA

Um maçariqueiro, ex-funcionário de uma sucata, registrou queixa no Ministério Público do Trabalho (MPT-BA) por cárcere privado, tortura e ameaça de morte sofrida por seu ex-patrão em janeiro deste ano, em Simões Filho. A vítima, de 47 anos, que preferiu não ter seu nome revelado, conta que tudo teve início com uma falsa acusação de roubo de uma quantia de R$300 mil.

“Num dia de jornada, ele e o segurança dele me botaram dentro de um quarto. Ele começou a me bater e falou que queria tudo, que eu tinha roubado ele. Chamou o segurança, me levou para o mato e falou que ia me matar. Fiquei com o rosto todo machucado”, relata.

O empregador foi identificado como Eduardo Gomes Pereira, para quem a vítima trabalhava há 25 anos e já havia queixas do comportamento agressivo do patrão. O CORREIO não conseguiu contatar o acusado.

Ainda segundo a vítima, três funcionários foram obrigados por Eduardo a agredi-lo. Ele ficou preso por oito horas em cárcere privado e só foi liberado porque o irmão foi até a sucata ao estranhar a demora do maçariqueiro em voltar para casa.

Além das agressões e ameaças, a vítima também teve bens e documentos confiscados pelo acusado. “Ele falou que eu tinha roubado ele, então tomou meu carro, celular, documentos e até meu cartão para pagar a dívida”, acrescenta.

Segundo o maçariqueiro, ele não tentou reaver os bens pela agressividade do ex-empregador, mas reuniu forças para prestar queixa pelo ocorrido. “O que motivou foi reaver meus bens, meus direitos trabalhistas como cidadão, até pelo tempo que eu trabalhei lá, pela pressão psicológica que eu sofri e pelo espancamento. Eu acredito na justiça e espero por justiça”, ressalta.

Ele ainda acrescenta que ficou abalado após o episódio traumático a ponto de não conseguir dormir e acredita que há motivação de racismo por trás das ações de Eduardo. “Desde o dia em que tudo aconteceu eu não consigo dormir direito. Eu sinto que isso aconteceu comigo porque eu sou negro e o negro é desprezado. Eu espero que as medidas cabíveis venham a ser tomadas mediante a Justiça. Depois da denúncia, eu sinto carros e gente estranha rodeando a minha casa. Ando com muito medo, ansioso”, desabafa.

Depois de denunciar o caso para Polícia Civil, a vítima foi submetida a exames de lesões corporais, onde foram constatados edema traumático e manchas roxas no rosto. O MPT-BA também foi procurado pelo trabalhador. Procurado pelo CORREIO, o órgão informou que acompanha o caso.