Liberatum começa com tambores, livros, orixás e um minuto de silêncio
Evento internacional está sendo realizado pela primeira vez em Salvador e terá Viola Davis
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Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
O Liberatum Salvador começou ao som dos tambores, atabaques e agogôs. Da porta do Centro de Convenções, na Boca do Rio, já era possível ouvir a percussão. Na entrada do auditório foram instaladas estantes com livros de autores negros e trabalhos que discutem questões de raça. Do lado de dentro, uma feira exibe produtos de povos originários. O festival é um evento internacional e que está sendo realizado pela primeira vez no Brasil.
Nesta sexta-feira (3), umas das principais atrações é a atriz americana Viola Davis, mas a programação inclui também a atriz americana Angela Bassett, a cantora brasileira Alcione, e o vencedor do prêmio Nobel de literatura, o nigeriano Wole Soyinka. O evento é gratuito e segue até domingo (5), mas os ingressos esgotaram em menos de 24h após a abertura. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da primeira mesa.
“Esse evento é importante para fortalecer a representatividade e a força da nossa cultura. A cultura brasileira é tão bem recebida internacionalmente, então, acredito que cada vez mais esse ativo tem que ser aproveitado, principalmente no viés econômico, já que 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do nosso país é gerado pela Cultura”, afirmou.
Durante a cerimônia de abertura foi realizado um minuto de silêncio em respeito às vítimas inocentes que morreram em todo o mundo, no Oriente Médio. O Liberatum contou com a participação de autoridades do Governo do Estado e do Município. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) frisou que o evento integra a programação do Novembro Salvador Capital Afro (Novembro Negro) e afirmou que Salvador está à disposição para sediar outra edição do festival, em 2024.
“Quero destacar a identidade e a potência. Identidade porque somos a cidade mais negra fora da África, e a potência porque sem sombra de dúvidas a nossa negritude é um dos nossos principais ativos. Queremos que esse mês de novembro seja de negócios na cultura, de oportunidades, queremos que o mês de novembro seja reconhecido no Brasil e no mundo para que milhares de visitantes venham aqui conhecer e se conectar com suas raízes. Afinal de contas, Salvador é a capital afro das Américas”, disse o prefeito.
Bruno Reis afirmou que a expectativa é que rede hoteleira da cidade registre 90% de ocupação por conta dos eventos do Novembro Negro. Baianas de vestes típicas recepcionaram os convidados e outros elementos da cultura afro se destacaram, como a representações dos orixás. O fundador e organizador do Liberatum, Pablo Ganguli, contou que ficou encantado com a cidade.
“Salvador, Bahia, que lugar incrível. Quando eu falo para as pessoas sobre os ministérios e a riqueza cultural dessa cidade incrível, eles ficam chocados. Eles não conseguem parar de falar palavras como oxe e axé”, disse, provocando risos.
Ele afirmou que a diversidade é uma das principais pautas do evento, com discussões que atravessam questões de raça, classe e gênero, além de oferecer espaço para vozes que foram historicamente silenciadas. O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, afirmou que o Liberatum celebra a cultura negra, que essa é uma das principais riquezas da cidade e destacou a decisão da atriz americana.
“Viola Davis anunciou ontem que vai abrir uma empresa aqui, e abrir também um programa para potencializar criativos. Então está tudo acontecendo. Essa é a primeira semana, ainda vai vir muita coisa aí nas próximas semanas. É uma felicidade enorme, porque a gente sempre soube, acreditamos muito que temos esse potencial”, contou.
O Festival Liberatum nasceu em 2001 e já teve eventos em locais como Hong Kong, Estados Unidos, Papua-Nova Guiné, Reino Unido, Marrocos, Itália, Turquia, México, Espanha, Índia, França, entre outros. Esta é a primeira vez do festival no Brasil. Todas as palestras e eventos serão transmitidos ao vivo, via TikTok, com interação em tempo real.
A atriz Angela Bassett será homenageada com o prêmio de Pioneira Cultural. Reconhecida por interpretar mulheres negras fortes em obras como “Malcom X” e “Pantera Negra”, e por ser uma das principais porta-vozes internacionais do evento sobre cultura negra, diversidade e inclusão.