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Justiça concede liberdade a técnico preso por injúria racial contra jogadora do Bahia


 

Ele deve pagar R$ 42 mil de fiança e não pode se aproximar da atleta

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 10/07/2024 às 12:52:21
Técnico Hugo Duarte chegou de cabeça coberta para audiência de custódia. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Preso em flagrante por injúria racial contra uma jogadora do Bahia, o treinador Hugo Miguel Duarte Macedo, 44 anos, teve a liberdade provisória concedida pela Justiça nesta quarta-feira (10). Ele passou por audiência de custódia hoje. A decisão determina que o técnico do JC Futebol Clube deve seguir algumas medidas cautelares, incluindo não se aproximar da vítima, a zagueira Suelen, mantendo distância mínima de 200 metros, e nem tentar entrar em contato com ela ou familiares dela. O técnico deve pagar cerca de R$ 42 mil de fiança.

A Justiça diz ainda que ele deve comparecer a todos os atos processuais; manter endereço atualizado; comparecer bimestralmente em juízo pelo período de 1 ano, podendo cumprir essa medida em Manaus, onde mora; pagamento de fiança de 30 salários mínimos (aproximadamente R$ 42 mil); proibição de se ausentar da comarca de residência, sem permissão prévia ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência sem autorização; e a já mencionada determinação para não se aproximar ou entrar em contato com a atleta do Bahia. 

A zagueira do Bahia, Suelen Santos, se pronunciou nas redes sociais sobre o caso e reafirmou que foi vítima do treinador. "Ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista", escreveu, em nota.

Times comentam episódio

Em nota, o JC Futebol Clube disse que 'repudia qualquer ato de racismo' e que o jurídico averigua se as informações para realizar os procedimentos para que 'não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos'.

O Bahia também se pronunciou através de nota e disse que a 'comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu'.

"O diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha", diz a nota.

O caso aconteceu após o fim da partida que garantiu o acesso do tricolor a primeira divisão do Brasileirão Feminino. O treinador foi autuado em flagrante por injúria racial e encaminhado para o Central de Flagrantes, no Complexo dos Barris. Ele passará por audiência de custódia nesta quarta-feira (10).