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Júri condena médico que matou colega em São Gonçalo dos Campos a mais de 17 anos de prisão


 

Geraldo Freitas Junior foi preso pelo homicídio de Andrade Lopes Santana

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 27/09/2024 às 12:22:44
Geraldo Freitas Junior e Andrade Lopes Santana. Crédito: Reprodução

O médico acusado de matar um colega de profissão após uma briga por dinheiro foi condenado pelo crime na última quinta-feira (26) após ir à júri popular. A pena definida foi de 17 anos, 10 meses e 15 dias de cadeia, além de 30 dias-multa a serem cumpridos em regime fechado.

Geraldo Freitas Junior foi acusado de matar o médico Andrade Lopes Santana após uma discussão em maio de 2021. O homicídio, ocorrido em São Gonçalo dos Campos, no centro norte da Bahia, teve seu julgamento realizado no Fórum Filinto Barros, em Feira de Santana, a 130 km de Salvador.

Crime aconteceu após briga envolvendo dívida 

Os dois, que fizeram faculdade juntos na Bolívia e vieram juntos para a Bahia trabalhar, teriam brigado por causa de um veículo que Geraldo comprou em nome de Andrade, já que seu nome estava sujo no Serasa, indicando dívida. Segundo a Polícia Civil, Geraldo não fez o pagamento do carro para Andrade.

O suspeito levou Andrade para dentro de um rio, com uma âncora e uma arma. Contudo, a defesa de Geraldo afirma que não houve intenção de matar, enquanto o réu diz que o ocorrido foi decorrente de um sonho.

Segundo seu depoimento de sete horas de duração, um familiar de Geraldo ligado a uma religião esotérica lhe contou que sonhou que Geraldo havia sido morto por duas pessoas, e uma delas vestia uma camisa de um time de futebol. No dia em que ele encontrou o médico para cometer o crime, ele vestia a camisa presente no sonho.

A versão contada não se manteve, e o próprio Geraldo entregou uma diferente após o depoimento. A defesa do réu diz que a única motivação foi uma troca de mensagens entre Andrade e outro médico do qual Geraldo não gosta.

Médico confessou ter matado colega 

O crime veio à tona quando o próprio Geraldo foi à delegacia registrar um boletim de ocorrência pelo desaparecimento de Andrade. Quando o corpo foi encontrado, no dia 28 de maio de 2021, no Rio Jacuípe, com uma marca de tiro na nuca, ele confessou o crime, afirmando ter cometido o homicídio sozinho, e foi preso.

Desde 9 de agosto de 2023, Geraldo está detido no Conjunto Penal de Jequié. Inicialmente, ele estava no Conjunto Penal de Feira de Santana, que solicitou sua transferência para Jequié, apoiada pela defesa, que afirma ser melhor já que os familiares de Geraldo moram no sudoeste baiano.

O julgamento seria em dezembro de 2023, mas a defesa pediu que a comarca fosse modificada, afirmando que o corpo de Andrade foi encontrado em São Gonçalo dos Campos, o que poderia lhe dar vantagem na sentença. A nova data foi marcada em Feira de Santana.

O desaparecimento de Andrade foi registrado pelo colega no dia 25 de maio de 2021. Ele teria desaparecido no dia 24, após sair da cidade de Araci, onde morava, em direção ao município de Feira de Santana, para resolver pendências do Exército.

Outro colega de Andrade também prestou queixa pelo desaparecimento no dia 25, na 2ª Delegacia Territorial de Feira de Santana. Esse, foi preso em casa, no bairro de Santa Mônica, quando o corpo foi encontrado, sendo suspeito por várias contradições em seu depoimento.

Família da vítima conhecia condenado 

O acusado afirmou que Andrade disse a ele que iria comprar uma moto aquática para passear junto ao colega no rio, o que já havia sido descartado pelos delegados responsáveis pelo caso. Os dois eram amigos, e os familiares de andrade, que moram no Acre, foram para a casa desse segundo suspeito para acompanhar as investigações.

“Eu fui abraçada pelo assassino, ele me confortava, chorou comigo, sentiu a minha dor junto comigo. Isto é muito triste. Ninguém merece isso, eu estou arrasada com isso. Eu reconheci o corpo do meu filho pelos pés porque o resto estava deformado. Mataram meu filho de joelhos. Eu creio que meu filho teve tempo de se consertar com Deus. Meu filho tinha um projeto de ajudar os pobres, ele trabalhava na assistência social, ele era um menino de ouro. Era um menino bom, não merecia ter morrido assim", disse Domitila Lopes, mãe da vítima.

“Ele começou a culpar os amigos dele. Olha, cuidado com fulano porque fulano não tem uma cabeça legal, e ficava jogando um contra o outro, tentando maquiar, né. Maquiar a participação dele no crime. Graças à oração do Brasil, Deus permitiu que viesse à tona. Minha filha estava perto, foi junto com ele ver onde estava o carro, ele disse que estava falando com a mãe dele sobre Londres, ele já estava querendo ir embora do Brasil. Deus não permitiu. Ele vai pagar por tudo isso", completou.