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Jovem é morto durante ação policial no IAPI e família protesta


 

PM diz que ele era suspeito e atirou contra policiais; familiares contestam

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 16/10/2024 às 12:57:28
Alex Silton de Oliveira. Crédito: Reprodução

Um rapaz de 18 anos foi morto a tiros no bairro do IAPI, em Salvador, na noite da terça-feira (15). Familiares acusam a Polícia Militar de chegar atirando na localidade da Rocinha, onde o motoboy Alex Silton de Oliveira estava na porta de casa. Já a PM afirma que a equipe policial foi recebida a tiros e reagiu, iniciando uma troca de tiros que terminou com a morte de um suspeito, Alex. 

Os familiares dizem que Alex não tinha envolvimento com crime. Ele estava diante de casa quando uma equipe da 36ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) chegou atirando e ele foi baleado três vezes na cabeça. Depois da morte, moradores da região protestaram na Avenida San Martin. 

A Polícia Militar afirma que Alex estava em um grupo que atirou quando os policiais da 37ª CIPM se aproximaram - a equipe fazia uma ação de intensificação da segurança na localidade da Rocinha da Divinéia quando encontraram suspeitos armados, diz a PM em nota. Houve revide e uma troca de tiros. 

"Após a troca de tiros, um suspeito foi encontrado ferido, sendo socorrido para uma unidade de saúde da região, onde não resistiu aos ferimentos", diz a PM. "Com ele, foram apreendidos um revólver e munições calibre 32, porções de crack e cocaína". O material foi encaminhado para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que vai investigar o caso. 

A versão oficial é contestada pela família. Alexandre, pai de Alex. "Eles estão dizendo que meu filho era traficante, que tinha vulgo. Eu quero provas", disse em entrevista à TV Bahia. "Eu quero justiça. E quem tá falando que meu filho tinha vulgo vai ter que provar, vai ser processado", acrescentou. Alexandre diz que não houve troca de tiros e o filho, que era entregador, estava indo pegar uma mochila para iniciar o trabalho da noite. "A moça da casa pediu a eles 'Não matem o menino', mandaram a moça entrar, xingaram a mãe de família e executaram meu filho", disse. "Vou procurar a Corregedoria, nem que seja a última coisa... Podem vir atrás de mim e me matar. Vocês são assassinos", desabafou. 

Ele ainda afirmou que policiais da 37ª CIPM ameaçaram seu outro filho, de 16 anos, hoje pela manhã. "Chegando na borracharia, os policiais olharam para meu filho, que tem apenas 16 anos, e disseram 'Você é irmão do que a gente já matou, né. Você vai ser o próximo. Vigie'. Ameaçaram meu filho. Eu peço segurança para meu filho. Para mim não, eles podem vir me matar, porque eles já me mataram", afirmou. 

A Polícia Militar informou que até o momento não houve denúncia formal feita junto à Corregedoria nem à 37ª CIPM sobre essa ameaça. "Os registros podem ser feitos junto à Ouvidoria do Estado ou na Corregedoria da corporação (Rua Amazonas, 13, Pituba)", informou a corporação. 

"A PMBA reitera seu compromisso inabalável com a ética, a transparência e o respeito à lei, destacando que toda e qualquer conduta que viole os princípios institucionais é rigorosamente investigada. A corporação reforça que nenhum comportamento que esteja à margem da legalidade será tolerado e, havendo comprovação de transgressões, as medidas cabíveis serão adotadas, respeitando o devido processo legal e o direito à ampla defesa", acrescenta em nota.