'Joel não entrará na estatística de mais um negro morto sem dar em nada', diz mãe
Julgamento começou nesta segunda-feira (6)
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Raquel Brito
mrbrito@redebahia.com.br
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Bruno Wendel
bruno.cardoso@redebahia.com.br
Mãe do menino Joel, Miriam Moreno da Conceição ainda não prestou depoimento no julgamento que pode definir a condenação dos policiais acusados de matá-lo, mas revelou confiança com o veredito do júri, que começou nesta segunda-feira (6).
"Esses dias foram dias de concentração", disse Miriam sobre a véspera do julgamento. "A fé que nunca faltou e a esperança da confirmação de uma busca que a gente quer há muitos anos. A palavra que define a gente para chegar até aqui é resistência. Resistimos, insistimos, batemos na porta e a porta se abriu", celebra.
Miriam também revelou otimismo com o resultado do julgamento. "Estamos na certeza de que tudo vai dar certo, que a trajetória valeu a pena, que as dificuldades também valeram a pena para nós. Foi um caminho de muita dificuldade, de dores, de truculências, de resistência mesmo", aponta.
"Joel não entrará na estatística de negro, um afrodescendente, morador de periferia a ser morto e não dar em nada. Agora é diferente. Esse júri de Joel traz uma esperança de que vidas, na condição de meu filho, não sejam banalizadas, e que não caiam no esquecimento, que não dê em nada o sangue derrubado de um inocente", celebra.
São julgados pela morte do menino o ex-policial militar Eraldo Menezes de Souza e do tenente PM Alexinaldo Santana Souza. Foi da arma de Eraldo que partiu o tiro que matou o menino. Já o tenente foi denunciado pelo Ministério Público porque estava no comando da operação.