Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2024 às 07:31
Ao falar sobre a possibilidade de revogar a portaria que estimula professores a aprovarem alunos, mesmo reprovados em disciplinas e com baixa frequência, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), comparou, na manhã desta sexta-feira (1º), o analfabetismo a uma doença.
O petista declarou que a portaria quer evitar que o aluno deixe as escolas para “o crime, a droga ou para o analfabetismo”. "(O analfabetismo) é como se nós tivéssemos uma doença. Para mim, o analfabetismo é uma doença da ignorância, de não poder ler, não pode escrever, não pode criticar. Isso acaba sendo uma doença, subjetivamente falando”, afirmou Jerônimo Rodrigues.
O governador ainda disse que pediu à secretária de Educação da Bahia, Adélia Pinheiro, que conversasse com a APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia e com coordenadores pedagógicos sobre a medida editada pelo governo.
“Eu não tenho vaidade. Da minha boca, ninguém pegou nada diferente. Eu não estou com discurso de aprovação em geral. Inclusive, não dá para o menino/menina que não foi para a escola ser aprovado. Nunca falei isso. O que eu falo é de um estudante que passa o ano inteiro na escola, tem boa vontade de ir, se ele está indo para a escola, tem algum motivo que o faça ir. Pode ser a bolsa, pode ser a alimentação, pode ser ele gostar de futebol. Seja o que for, se eu tenho essa atração por parte da escola, eu tenho que aproveitar, chamar esse menino/menina e não perdê-lo para o crime, a droga, ou para o analfabetismo. É disso que estou falando. Se na portaria não tiver isso, eu serei o primeiro a dizer: revoga, conserta”, afirmou Jerônimo Rodrigues.
A portaria 190/2024 é vista pela APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia como incentivo à “aprovação em massa” dos estudantes. O sindicato denunciou ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) a medida. Na denúncia, a APLB indicou que 330 profissionais da rede estadual afirmaram que o governo não seguiu sua própria portaria para poder aprovar um número maior de alunos. De acordo com o texto, somente os discentes que fossem reprovados em até cinco disciplinas poderiam avançar para o próximo ano letivo, porém a Secretaria de Educação permitiu a progressão de alunos que haviam perdido em mais de cinco componentes curriculares. Também foram aprovados educandos sem cumprir a exigência mínima de 75% horas letivas, como determina o texto da pasta.
Na próxima terça-feira (5), membros dos sindicatos dos professores vão à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) para falar sobre a medida.
*Com informações do repórter Gilberto Barbosa com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva