'Já tinha sido agredida por ele com palavras e socos', diz mãe de Sara Mariano
Dolores Correia veio a Salvador para fazer o reconhecimento do corpo da filha
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Wendel de Novais
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O relacionamento entre a cantora gospel Sara Mariano e o marido Ederlan tinha um histórico de agressões, segundo a família dela. A mãe da pastora, Dolores Correia, afirmou que a filha desabafou sobre as agressões sofridas dentro de casa. Sara foi encontrada morta na semana passada e Ederlan confessou a autoria do crime, segundo a polícia.
Apesar disso, Sara tinha medo de denunciar as agressões pois o marido a ameaçava. "Ela virava para mim e dizia que tinha muito medo de contar para polícia e, depois, acabar sendo morta. Minha filha já tinha sido agredida por ele com palavras e socos. Deus me revelou e, no começo, ela negava. Depois, começou a contar e dizer que não aguentava porque ele agredia ela de todas as formas", contou Dolores, na manhã desta segunda-feira (30), no Instituto Médico Legal, quando foi reconhecer o corpo da filha.
Nem a filha de 11 anos do casal era poupada de presenciar as agressões, segundo Dolores. "Minha filha contou para mim que, quando ela chegava da igreja, ele estava bêbado. Teve um dia que ela precisou abraçar a filha dela porque ele estava nu dentro de casa querendo fazer sexo e a filha vendo tudo. Ela pediu respeito e disse que ia contar para um amigo policial das atitudes dele. Na hora, ele respondeu que, se ela contasse, acabava com a raça dela", relembrou.
Por isso também a mãe de Sara quer a guarda da criança, que está sob os cuidados da família de Ederlan. "Eu não confio e não aceito esse homem com a filha deles. Ele mandou matar a mãe dela e, do jeito que está, pode fazer o mal a filha também. Eu quero a guarda dela. Não por conta da família dele, mas porque não quero ela perto dele. Minha neta vai ser criada como a mãe, dentro dos ensinamentos de Deus", disse.
Monitorada pelo marido
De acordo com Marcus Rodrigues, advogado da família de Sara, Ederlan tinha acesso ininterrupto à localização da pastora e ao conteúdo de conversas que ela tinha por um aplicativo de mensagens no smartphone. Ele hackeou o celular da esposa.
"Ele conseguiu hackear o celular dela para monitorar a localização e as mensagens que ela trocava pelo Whatsapp. Ou seja, sempre sabia onde ela estava e com quem conversava. A prisão dele, inclusive, foi decretada principalmente porque ele já queria formatar o aparelho de Sara e destruir provas que eram essenciais para a investigação", conta Marcus.
Ederlan acompanhou policiais para que encontrassem o corpo de Sara às margens da BA-093, em Dias D'Ávila. A forma como ele teria indicado o local levantou suspeitas da participação do mandante no momento de execução da pastora, de acordo com o advogado da família. Depois disso, ele teria confessado o crime, segundo a polícia.
"O que causa estranheza é que, no momento em que Ederlan foi com a polícia para procurar o corpo, ele vira repentinamente para local exato onde o corpo estava enterrado. Isso demonstra que ele sabia o local, estando no momento do crime ou indo ao local depois de ter sido realizado", aponta Marcus.