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Ifba domina ranking de escolas públicas baianas no Enem; veja lista

Colégio Militar lidera colocação, mas 12 campi do Instituto Federal da Bahia aparecem entre os 15 melhores

Esther Morais

esther.morais@redebahia.com.br

É possível estudar em escolas públicas e de qualidade na Bahia. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba), por exemplo, se destacou no ranking das melhores escolas públicas do estado, a partir dos resultados do Enem em 2023. Entre os 15 classificados, 12 campi do Ifba aparecem na lista, segundo dados da plataforma de ensino SAS Educação, obtidos com exclusividade pelo CORREIO.

As unidades do Ifba que aparecem na lista são de Salvador, Irecê, Brumado, Jacobina, Seabra, Camaçari, Barreiras, Vitória da Conquista, Jequié, Paulo Afonso, Feira de Santana e Santo Amaro. Apesar do protagonismo, quem está em primeiro lugar na lista é o Colégio Militar de Salvador. Duas unidades do IF Baiano, em Guanambi e Teixeira de Freitas, fecham a classificação.

Para o professor de matemática Ademar Celedônio, especializado no Enem, o curioso é que colégios de administração a nível estadual não aparecem na lista. As instituições com as melhores médias são de administração federal - os Institutos Federais, além do Militar, administrado pelo Exército.

“Nelas há uma seleção de alunos para o ingresso e dos professores do conteúdo a ser passado em aula, em matéria de organização”, explica. “A pública, quando tem direcionamento, acaba sendo muito eficaz tanto que fica à frente de particulares”, afirma.

A doutora em Sociologia e professora do Ifba Marcilena Garcia justifica que as condições são consequência de investimento público. Dentro disso é preciso haver formação de docentes, qualidade na permanência dos estudantes, no processo de ingresso e nas estruturas das escolas públicas municipais e estaduais.

"Os institutos são potentes porque há investimento na ampliação. Aqui oferecemos ainda assistente social, psicólogo, nutricionista; É uma equipes multidisciplinar para os estudantes", ressalta

O jovem Johnson Pacheco, de 24 anos, estudou o Ensino Médio no Ifba e conta que esse período foi fundamental para sua carreira. “Não é voltado para o Enem, mas é bem completo, mais completo que as outras escolas. A preparação é para o estudante se tornar um cidadão. Outra coisa é que não tem a mercantilização do Ensino Médio, dão conteúdos que vão além do Enem, com um nível de cobrança alto”, relembra. Atualmente ele cursa engenharia industrial elétrica no Ifba Salvador.

Para o pró-reitor de Ensino em exercício do Ifba, professor Danilo Souza, o resultado é reflexo da formação integral recebida pelos estudantes da instituição. "Nossa formação baseada no Ensino, Pesquisa e Extensão proporciona condições aos nossos estudantes vivências nas diversas áreas de formação, o que solidificam sua preparação para terem um bom desempenho em exames como o Enem", avaliou. O pró-reitor também destacou que nos 24 campi do Instituto Federal da Bahia há “a atuação direta e comprometida dos nossos servidores em realizar ações voltadas aos estudantes que desejam prestar o Enem, como práticas de redação, aulões, cine-debates, e outras atividades”.

Danilo também comemorou a presença da instituição no ranking com tantas unidades: "As unidades do IFBA refletem, hoje, um papel social muito importante nas diversas cidades que ocupam, e estar neste Top 15 com 12 de nossas unidades é um fato que nos enche de orgulho e reitera o papel do Ifba como uma instituição que oferta educação pública de qualidade e socialmente referenciada".

A reportagem procurou também o Exército e o IF Baiano para ter mais detalhes do método de ensino das instituições, assim como buscou a Secretaria de Educação do Estado (SEC) para entender a ausência de escolas estaduais na lista, mas não recebeu retorno até a última atualização da matéria.

Disparidade com as particulares caiu na média histórica

Embora o top 15 contemple as melhores públicas na Bahia, as escolas ainda estão em defasagem se comparadas às particulares. Todas as de ensino gratuito no estado aparecem fora das mil melhores no Brasil. O Colégio Militar - 1° na Bahia - está em 1483° no ranking nacional.

Na avaliação da socióloga Dyane Brito, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), os resultados apontam para a necessidade da manutenção das cotas, uma vez que há discrepância entre os alunos preparados nas privadas e públicas. “Estamos muito longe de pensar em finalização de reserva de vagas para estudantes de colégios públicos e também no recorte racial”, defende.

A diferença de desempenho entre escolas públicas e privadas diminuiu entre os anos de 2018 a 2021 em média 7% ao ano. A partir de 2022 voltou a ser observado uma diferença crescente de 9% no ano de 2023.

Apesar disso, as escolas públicas tiveram um desempenho positivo ao longo da série histórica observada, crescendo 3,3% a mais que as escolas privadas da Bahia.

Em 2018, a média em redação nas escolas privadas era 65% maior que a média nas escolas públicas. Essa diferença tem diminuído ao longo dos anos e, em 2023, essa distância caiu para uma diferença de 35% entre as médias das redações.