Ialorixá denuncia intolerância religiosa em salão dentro de shopping em Salvador
Caso aconteceu nesta sexta-feira (24)
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Da Redação
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Mãe Iara de Oxum, conhecida nas redes sociais por vídeos falando sobre religião de matriz africana e idealizar a Caminhada da Pedra de Xangô, denunciou em sua conta no Instagram ter sido vítima de intolerância religiosa em um salão de beleza de um shopping na região de São Cristóvão, em Salvador.
No vídeo gravado logo após o ocorrido, a responsável pelo terreiro llê Tomin explica que esteve no local para fazer as unhas e, dentro do estabelecimento, uma manicure teria se negado a realizar o procedimento porque Iara estava com roupa branca e por ser do Candomblé.
"Aos 57 anos, eu, uma mãe de família, ainda tenho que me prestar a esse papel na delegacia, contra pessoas. No Shopping Norte, eu fui fazer a unha e ela disse: 'eu que não atendo esse povo'. Por que eu estou de branco? Sexta-feira? E eu não vou me calar. Intolerância religiosa nunca mais", disse na gravação na frente da 12ª Delegacia Territorial, em Itapuã.
Já neste sábado (25), como forma de protesto após realizar o boletim de ocorrência, Mãe Iara foi para o centro comercial, junto com os filhos de santo, para fazer um xirê (dança para invocar os orixás) e fizeram um protesto na frente do salão de beleza. Com atabaques, vestidos de branco, e gritando palavras de ordem, eles exigiram respeito: 'Acorda, povo preto'.
"Eu fui humilhada, chorei. Mexeu com a pessoa errada. Sou uma mulher preta, empoderada. Sofri intolerância religiosa, racismo. Não aceito isso", disse em um vídeo transmitido ao vivo de dentro do shopping.
A reportagem tentou entrar com contato com o estabelecimento, mas os números não estavam mais disponíveis. A página do salão no Instagram foi desativada após a polêmica viralizar nas redes sociais.
A Polícia Civil informou através de nota que a ocorrência de racismo foi registrada na 12ª Delegacia Territorial e que "as partes serão ouvidas novamente na delegacia e testemunhas devem ser intimadas".
A secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), por meio de uma nota, informou que acionou a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia e se colocou à disposição para atender a ialorixá.
"Inicialmente, foi realizado um contato telefônico com Mãe Iara. Na segunda-feira, dia 27, a líder religiosa será atendida pela Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), da Polícia Civil. Na terça-feira, às 14h, Mãe Iara será atendia pelo Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, equipamento da SEPROMI, que vai realizar os encaminhamentos necessários e acompanhar o caso."