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Homem morto em operação na Barra já foi preso em flagrante por tráfico no bairro


 

Alvo da Operação Hégira tinha histórico de passagens por tráfico e receptação

  • Wendel de Novais

Publicado em 22/05/2024 às 16:00:00
Acusado morava em prédio na Barra. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O homem identificado como Augusto César dos Santos Barbosa, 48 anos, morto durante a Operação Hégira na manhã desta quarta-feira (22), na Barra, já foi preso em flagrante por tráfico de drogas no bairro. Conhecido como ‘China’, o suspeito foi alvo da ação no prédio onde residia, em uma rua transversal entre a Avenida Oceânica e a Rua Miguel Burnier, perto da agência do Banco do Brasil. Antes disso, porém, ele registrou um histórico de prisões por crimes ligados a drogas nas imediações da Barra.

A reportagem teve acesso aos autos de um processo em que China foi indiciado por tráfico, em 2021. Na ocasião, ele e outro homem identificado como Ademir foram presos em flagrante por policiais na Avenida Almirante Marques de Leão, rua de trás da parte da Avenida Oceânica onde está o calçadão do Farol da Barra. “Feita revista pessoal, segundo emerge dos autos, com Ademir foram apreendidas 13 pedras de crack e 6 pinos com cocaína. Com Augusto, 21 porções de maconha, celular e a quantia de R$ 65,50”, relata os autos.

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) chegou a oferecer denúncia contra os dois, mas o juiz do caso decidiu desclassificar a imputação de crime de tráfico, enquadrando China e Ademir por porte de drogas a partir da premissa de que, pela quantidade encontrada com eles, poderiam ser entorpecentes para uso próprio. Em fevereiro deste ano, porém, China voltou a ser preso em flagrante pelo crime de receptação. Não há informações públicas dos detalhes da prisão, no entanto.

Apesar do histórico de prisões em documento do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), moradores e trabalhadores das imediações do local onde o suspeito vivia afirmam nunca ter presenciado nada de suspeito. “Era gente boa, cumprimentava todo mundo e nunca vi com arma ou droga. Andava aqui sem camisa sempre. Quem você perguntar aqui, vai dizer o mesmo. Um bom vizinho, nunca trouxe problema”, fala um vizinho de China, que prefere não se identificar.

O homem que alugava o prédio para o suspeito também se disse surpreso com a ação, já que o tinha como um ótimo inquilino. “Morava aqui no prédio há uns três ou quatro anos. Sempre foi muito gente boa comigo e nunca recebi uma reclamação dele. Quando soube, fiquei surpreso com a notícia porque não imaginaria. Eu nunca vi nada de droga aqui”, diz o locatário, confirmando os relatos dos moradores ouvidos pela reportagem.

Policiais ouvidos no local, porém, informaram que no apartamento dentro do prédio onde China estava, drogas foram localizadas. No entanto, não há detalhes até então da quantidade encontrada pelos agentes no local. China resistiu à prisão e, segundo a polícia, foi baleado e levado para um hospital para ser socorrido, onde não resistiu aos ferimentos. Familiares preferiram não gravar entrevista, mas contestam a informação da polícia sobre a reação do suspeito, afirmando que ele estava dormindo quando agentes entraram no prédio.

Os alvos da Operação Hégira são responsáveis por crimes contra o patrimônio, praticados na orla de Salvador e alguns deles durante o Carnaval 2024. As vítimas eram turistas ou moradores de bairros nobres.

Internos do sistema prisional e suspeitos monitorados por tornozeleira eletrônica também são alvos da operação. “Os líderes da organização se valiam de comparsas em liberdade para praticar os crimes”, informou a diretora do Draco, delegada Márcia Pereira.

Equipes dos Departamentos Especializado de Investigações Criminais (Deic), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Polícia Metropolitana (Depom), Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) estão em campo participando da operação.