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'Hoje me sinto tanto baiana quanto italiana!', diz fundadora do Hospital São Rafael


 

Em Salvador Dona Laura passou a morar, exatamente, no bairro de Pau da Lima, onde fundou, em 1990, o Hospital São Rafael

Publicado em 29/10/2024 às 19:10:34
Laura Ziller . Crédito: Divulgação

No esplendor dos 80 anos, esbanjando serenidade e lucidez, a missionária italiana Laura Ziller vê sua relação com a Bahia de maneira muito afetuosa. “Hoje me sinto tanto baiana quanto italiana”, declara. Dona Laura chegou ao Brasil em 1976, através do Centro Ítalo-Brasileiro de Promoção Sanitária, o Monte Tabor, para realizar em solo baiano o mandato evangélico “Ide, Ensinai e Curai”. Em Salvador passou a morar, exatamente, no bairro de Pau da Lima, onde fundou, em 1990, o Hospital São Rafael.

A capacidade de devoção e amor ao próximo são questões intrínsecas à natureza de Dona Laura. “Nasci em tempos rudes de guerra, em um vilarejo da região do Trentino, na Itália. Vivi a infância e a juventude no difícil período da reconstrução física e social do país, vivenciando os valores da cooperação e da solidariedade, que marcaram não somente a minha vida, mas da região inteira, à qual sempre fiquei afeiçoada. Venho de uma família modesta, mas com profundos princípios sociais e católicos”, reitera.

Presidente do Monte Tabor, Dona Laura conta que o encontro com o fundador da obra, D. Luigi Maria Verzé, em 1964, quando ela tinha apenas 20 anos de idade, foi fundamental para que ela seguisse na caminhada de assistência aos idosos e crianças. “Como leiga consagrada da Associação Sigilli por ele instituída, aderi ao seu sonho de levar assistência aos mais necessitados nos países em desenvolvimento e no Brasil, em particular, para iniciar o projeto hospitalar São Rafael , cujo nome significa Medicina de Deus”, ressalta.

Laura Ziller . Crédito: Divulgação

O Monte Tabor, uma das maiores instituições de prestação de serviços de saúde e educação da Bahia, foi fundado há 50 anos e segue, desde então, como ratifica o slogan da campanha criada para o cinquentenário, “cuidando, educando e transformando”. Como uma associação sem fins lucrativos, de caráter beneficente e assistencial, a organização mantém firme a sua missão. Para Dona Laura, essa saga é fruto de muita fé e vocação. “Acreditar e ver no necessitado o Cristo sofredor, ao qual tudo devemos. Como Cristo, médico de corpos e de almas, prestar atenção e aplicar as possibilidades da inteligência que Deus nos deu, para reduzir as carências de saúde, assistência e educação do próximo e nunca esmorecer”, destaca.

Dona Laura Ziller, seguidora dos caminhos de D. Luigi, com toda sua sabedoria e cabelos alvos, ainda tem energia de sobra para falar de sonhos. “Sonhar é vital e mantém sempre vivos os desejos. Hoje, o Monte Tabor está dedicado inteiramente ao social e com potencialidades de ampliar a sua atuação. O crescimento das atividades do Monte Tabor é o meu maior desejo. Cuidar, educar, transformar, continuar o pensamento do fundador D. Luigi, e encarar os desafios com brandura e paciência, pois a força vem disso e não do enfrentamento”, atesta.

A caminhada de D. Luigi para a concretização e consolidação do Monte Tabor em terras baianas é extensa. Por isso, a fé do sacerdote, da Comunidade Sigilli e de todos os colaboradores e parceiros ao longo dos anos foi a grande responsável por essa trajetória singular. “Tudo é possível a quem crê”: essa certeza é caminho para continuar escrevendo os próximos 50 anos de história dessa instituição que pauta as suas finalidades no exercício da medicina como promoção da vida, no respeito à dignidade humana, nos princípios éticos e na humanização das relações sociais.