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Grávida e bebê morrem após mais de 24h de espera por cesariana em maternidade de Salvador


 

Jovem estava em gravidez de risco e deveria fazer parto cesáreo, contudo, a família denuncia que médicos forçaram por 28 horas um parto normal

  • Anna Luiza Santos

Salvador
Publicado em 01/12/2024 às 19:24:56
Kevelli Barbosa. Crédito: Reprodução

Desde a última sexta-feira (29), todos os dias têm sido de angústia para a família de Kevelli Barbosa. A jovem grávida de 22 anos morreu, junto com o bebê, durante o trabalho de parto na maternidade Albert Sabin, em Salvador. Os familiares da jovem denunciam que houve negligência médica no caso.

A operadora de caixa e moradora de Nova Brasília de 22 anos estava grávida de 38 semanas e aguardava pela chegada da primeira filha, Laura Valentina. Contudo, desde o início das consultas de pré-natal na maternidade, os médicos informaram que era uma gravidez de risco e o parto deveria ser cesariana, pois Kevelli era hipertensa e o bebê “estaria grande demais para a sua barriga”.

Ao chegar no Albert Sabin de madrugada para realizar o parto cesariano agendado, a médica de plantão informou à família que iria induzir Kevelli a um parto normal, acompanhado de uma medicação para dilatação a ser tomada de quatro em quatro horas.

No total, ela tomou sete doses, esperando mais de 24 horas para que os remédios surtissem efeito. Porém, houve uma queda dos batimentos cardíacos do feto e os médicos encaminharam a jovem para realizar a cesariana de emergência.

No parto, a criança já estava sem vida, com o cordão umbilical enrolado no pescoço, e Kevelli teve uma parada cardíaca, indo a óbito.

Uma espera sem chegada

O marido de Kevelli, Jefferson Conceição Santos, confessou que a espera pelo nascimento da filha já trazia muita alegria para a família e a esposa estava contando as horas pela chegada da pequena.

“Ela estava muito animada esperando essa criança, ela fez de tudo para que tivesse o máximo de conforto. Já era querida e amada por todos, unindo nossas famílias de Salvador, Amélia Rodrigues e Estância (Sergipe). E isso ficou claro no enterro com muita gente presente”, desabafou.

O corpo de Kevelli foi velado e sepultado na tarde deste domingo (1). Já o corpo do bebê foi encaminhado para perícia no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues e será liberado na segunda-feira.

Investigações do caso

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que todos os trâmites internos da unidade hospitalar foram realizados adequadamente e agora a equipe médica está investigando e realizando relatórios sobre as causas das mortes.

”Destaca-se que a equipe de assistência adotou todos os procedimentos indicados para o caso. Diante da causa não definida/indeterminada de óbito, a equipe de plantão elaborou relatório para avaliação em Sistema de Verificação de Óbito (SVO)”, declarou a pasta.

O IML Nina Rodrigues também informou que foram feitos exames periciais necroscópicos nos corpos da mãe e do bebê, procedimento adequado para verificar se ocorreu erro médico.

“A minha esposa antes de morrer sofreu muito, passou por muita dor e eles não ligaram para ela. Agora eu vou até o fim por Justiça, nem que seja pra fechar a maternidade. Esse não foi só um caso isolado e esse crime não vai ficar impune”, declarou Jefferson.

No mês passado, outra denúncia foi feita contra a maternidade envolvendo violência obstétrica, onde a mãe perdeu o bebê após ser obrigada a realizar um parto normal, mesmo com recomendação de cesariana.

O viúvo e a família de Kevelli registraram um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil investigue a causa das mortes. O caso foi encaminhado e está sendo investigado pela 13º Delegacia de Polícia de Cajazeiras.