Vídeo coloca em dúvida versão da PM sobre morte de funcionário da Embasa em Salvador
Versão oficial é que Welson Figueiredo Macedo morreu durante troca de tiros com agentes, mas ele aparenta estar desarmado
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Gilberto Barbosa
gilberto.neto@redebahia.com.br
Morto durante uma ação da Polícia Militar (PM) no bairro de Castelo Branco, Welson Figueiredo Macedo, de 28 anos, estava desarmado quando foi baleado. Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela TV Bahia nesta terça-feira (26) mostram o jovem trafegando em uma moto, desacelerando ao perceber a presença dos policiais e sendo atingido com um tiro nas costas. O caso aconteceu às 19h50 do dia 09 de julho.
Os policiais são lotados na 47ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pau da Lima). Às 19h52, um deles levanta a moto e coloca no canto da pista. Em seguida, eles mudam a posição de Welson e levantam a sua camisa. Oito minutos depois, uma segunda viatura da 47ª CIPM, que não esteve na ação inicial, chega ao local. Às 19h59 ele foi colocado no carro da segunda equipe. Ele foi levado para o Hospital Eládio Lasserre, onde não resistiu aos ferimentos.
Os vídeos vão de encontro a versão divulgada pela PM, na época, de que Welson morreu durante troca de tiros. Na nota divulgada pela corporação, agentes da 47ª CIPM faziam rondas na região e verificaram três homens praticando roubos em motocicletas. Ainda segundo a polícia, houve troca de tiros com os suspeitos e um deles foi atingido, sendo encontrado com ele um revólver calibre 38 e ainda munições do mesmo calibre.
O jovem deixou esposa e dois filhos. No sepultamento, parentes contestaram a nota divulgada pela polícia. Um primo da vítima, que não quis se identificar afirmou que encontrou Welson no hospital após ter sido atingido e ele não apresentava lesões características de alguém morto durante uma fuga.
"Welson tinha descido da moto e se rendido. Ele tomou um tiro pelas costas porque, se ele estivesse em fuga como fala, estaria todo ralado, o que não aconteceu. Como você está a 100 km/h fugindo da polícia, toma um tiro e não se rala? Encontrei Welson na maca do hospital e ele não tem um arranhão", disse.
Ele era funcionário da empresa Bel Cabula, terceirizada da Embasa e retornava para a sua residência, em Fazenda Grande 2, após deixar um colega que morava na região, como fazia todos os dias. No percurso, Welson teria cruzado com os policiais. "Andam com viaturas escrito 'Pacto pela Vida', mas deveria mudar para 'Ceifadores de Vida' porque essa é a verdade. Mataram meu primo, que chegou no hospital e está sendo tratado como vagabundo. Ele era um trabalhador, olha o tanto de gente aqui para provar", falou o primo no enterro.
Procurada, a PM respondeu em nota que a apuração do caso está sob responsabilidade da Polícia Civil (PC) e que uma sindicância foi instaurada pela Corregedoria para apurar se houve excesso cometido pelos policiais envolvidos no caso. “A sindicância encontra-se em fase final de apuração, com a pendência de laudos periciais para sua conclusão”, afirma a corporação.
*Com orientação da subeditora Carol Neves