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Freira que conviveu com Santa Dulce relembra a dedicação aos mais pobres


 

Irmã Olívia chegou em Salvador em 1976 e acompanhou a freira no convento e nas obras sociais

  • Gilberto Barbosa

Publicado em 14/03/2024 às 07:30:00
Irmã Olívia. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Quem sai do Largo de Roma em direção à Avenida Dendezeiros do Bonfim se depara a extensão do legado de Santa Dulce. A região é prova viva do seu impacto da freira, que dedicou a sua vida a ajudar aqueles que mais precisam. No local estão localizados um complexo dedicado a memória da santa e parte das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). A sua morte completou 32 anos nesta quarta-feira (13).

Ao chegar no Santuário de Santa Dulce dos Pobres, o visitante se depara com a paisagem do local. As imagens de santos que compõem a capela se misturam aos voluntários e freiras usando adereços que remetem aqueles usados pelo Anjo Bom da Bahia.

Uma delas é Irmã Olívia, que veio de São Paulo para Salvador em 1976 para acompanhar Irmã Dulce. No início, ela vinha apenas nos finais de semana e após terminar a sua formação religiosa, se mudou definitivamente para a capital.

“Para mim foi uma graça muito grande de conviver com ela. Ela deu o exemplo pela fé e o amor que dedicava às pessoas. Ela não media esforços para ajudar os mais pobres e os doentes. Quem chegava aqui, era cuidado”, afirmou.

Olívia acompanhou Dulce até a sua morte em 1992. Ela conta que a dedicação em ajudar os doentes era tanta que a freira acordava diariamente às 4h para verificar como estavam os pacientes do Hospital Santo Antônio e passava as manhãs pedindo doações na rua para a manutenção da sua obra.

Quando chegava, ela ia para o Convento Santo Antônio atender os apelos daqueles que a aguardavam na portaria dando alimentos, roupas ou dinheiro. Devido ao cansaço, as outras freiras a acompanhavam até o refeitório e após se alimentar, ela voltava para o hospital para garantir que estava tudo bem com os pacientes.

“Ela não parava, era uma pessoa muito dinâmica e atenta as necessidades dos pobres. Se alimentava muito pouco, fazia jejum três vezes por semana. Se algum exame não tivesse sido feito, ela pedia urgência para que eles pudessem ser medicados. E toda noite ela buscava os mendigos na rua e trazia para dormir no hospital”, contou.

Além do acompanhamento com os mais pobres, Irmã Dulce era uma pessoa de muita fé. A qualquer hora do dia, era possível encontrá-la na capela do convento rezando.

“Uma vez ela me disse para nunca negar nada a ninguém que Deus nunca deixa faltar. Um dia chegaram dois pacientes paraplégicos e ela me mandou ir ao hospital pegar duas cadeiras de rodas. Eu respondi que iam fazer falta e ela insistiu que eu pegasse. Assim que eu cheguei e entreguei, chegou uma doação com outras duas cadeiras”, finalizou Olívia.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela