Facção MK entra na mira da polícia após morte de guitarrista do Afrocidade e alta de homicídios em Camaçari
Lideranças da facção foram reintegradas ao Baralho do Crime da SSP-BA
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
Apesar das ações de sequestro, tortura e execuções da facção MK em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), ao longo dos últimos anos, a morte do guitarrista Fal Silva, que fazia parte da banda Afrocidade, e crimes mais recentes foram determinantes para ligar um alerta para a polícia. Tanto é que, nesta quarta-feira (27), três integrantes da facção passaram a fazer parte do Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA).
Marivan Elias da Silva,o ‘Kila’, João Ivan Oliveira Rodrigues, o ‘Meiquinho’, são líderes da organização e, inclusive, já fizeram parte do Baralho. O segundo, de acordo com um policial, poderia ser o mandante da ação que acabou na morte do guitarrista Fal SIlva, da Afrocidade. O músico morreu no mês de maio, no bairro de Novo Horizonte, após ser espancado por um grupo de homens em uma área deserta nas imediações da Rua Bahia. Na noite do crime, vizinhos do local ouviram ‘gritos abafados’ da vítima.
“Ele pode ser o mandante do crime porque os presos até o momento são da MK. As investigações estão em curso ainda, mas posso dizer que ele é suspeito. O que se avalia, no entanto, é que a ordem dada pelas lideranças da MK não foi de morte, mas sim de um susto. Fal tinha uma dívida, foram dar um susto nele e, por imperícia, acabaram matando naquele dia”, explica o policial, que não será identificado.
Até o momento, a Polícia Civil trabalha com oitos suspeitos investigados e já confirmou que a principal linha de investigação em relação a motivação seria a existência de uma dívida de drogas do artista. Após o crime, no entanto, a facção seguiu agindo nas áreas onde tem domínio e homicídios continuaram a acontecer. Para o policial, a inserção de Kila, Meiquinho e Dom, um homicida que faz parte da facção, se dá para conter o avanço da organização na prática de crimes violentos.
“O pessoal costuma chamar essas facções até de quadrilha e isso, de certa forma, pode diminuir a visão que se tem do perigo que elas representam. É claro que o Bonde do Maluco (BDM) e o Comando Vermelho (CV) são problemas maiores, mas registros como o da morte de Fal, que têm uma repercussão grande, e a continuidade de ações em outros crimes alerta que algo precisa ser resolvido”, completa.
De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, que monitora a violência armada na Região Metropolitana de Salvador (RMS), contabilizou 150 tiroteios e 144 mortos em Camaçari até o dia 26 de novembro de 2024. O número é a continuidade de uma situação que, em 2023, foi ainda pior. No ano passado, houve 196 tiroteios e 185 mortos. Dados influenciados, principalmente, pelas organizações criminosas.