Ex-namorado acusado de matar estudante quilombola em Cachoeira é condenado a 18 anos de prisão
Elitânia de Souza foi assassinada em 2019; julgamento foi marcado por protestos em frente ao fórum
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Da Redação
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José Alexandre Passo Goes Silva, acusado de matar a ex-namorada Elitânia de Souza em 2019, foi condenado a 18 anos de prisão em regime fechado. O julgamento aconteceu na última quarta-feira (31), no Fórum Teixeira de Freitas, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano.
O julgamento foi adiado cinco vezes antes antes desta semana. A última foi do dia 24 de julho para a semana seguinte, quando o caso finalmente chegou ao tribunal.
A redesignação do júri foi feita por despacho disponibilizado no sistema na noite do último dia 22 de julho, menos de 48 horas antes do julgamento.
Elitânia foi assassinada no dia 27 de novembro de 2019, aos 25 anos enquanto saía da universidade. O motivo da morte foi José não aceitar o fim do relacionamento. Ela tinha uma medida protetiva contra ele.
A estudande de Serviço Social já vinha relatando às pessoas mais próximas sobre as agressões e ameaças que sofria do ex-companheiro, já havia prestado duas queixas contra o mesmo, e estava sob medida protetiva concedida pela Justiça para impedir a aproximação do agressor.
Em frenta ao fórum, aconteceu durante o julgamento uma manifestação contra o feminicídio de Elitânia, organizada por estudantes e professoras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e movimentos e coletivos populares. A prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga (PT), participou do ato.
“Pedimos o fim das muitas violências que sofremos. Nós, mulheres negras, temos direitos. É preciso saber que ninguém poderá tirar vidas de mulheres negras. Exigimos respeito. Nenhum agressor pode ficar impune depois de tirar vidas. Terá de responder por seus crimes, pois temos leis que protegem nossos direitos. As estatísticas de violência contra mulheres negras vêm subindo assustadoramente, isso precisa parar”, disse.
Números
A edição 2023 do Relatório Atlas da Violência mostra que, enquanto a taxa de homicídios da população em geral apresenta queda, a de homicídios femininos, os feminicídios, cresceu 0,3%, de 2020 para 2021.
Em 2021, 3.858 mulheres foram mortas de forma violenta no Brasil. O número representa mais de 10 mortes por dia e coloca as mulheres como um dos maiores grupos de vítimas da violência cotidiana no país. Segundo o levantamento, 2.601 mulheres negras foram vítimas de homicídio no Brasil, em 2021, o que representa 67,4% do total de mulheres assassinadas.