Estudantes se juntam a professores no protesto em defesa da Ufba
Motivados em defender a universidade pública, eles buscam melhorias para a estrutura dos campi e o reajuste orçamentário
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Yasmin Oliveira
yasmin.oliveira@redebahia.com.br
Em busca de chamar a atenção para os problemas enfrentados na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e defender a educação pública, os estudantes se juntaram na manhã desta quarta-feira (29) aos professores durante protesto a favor da greve. O movimento seguiu em caminhada da Reitoria, no Canela, até o Campo Grande.
“Nós temos nossas pautas próprias, mesmo que os professores também defendam uma reconstituição do orçamento da universidade. Eles estão com uma pauta principal, que é o reajuste salarial tanto dos professores quanto dos técnicos. Por isso que acho de grande importância que nós, estudantes, estejamos lá representando a nossa pauta, que é o aumento do orçamento, um reajuste estrutural, porque a Ufba está caindo aos pedaços”, conta Flora Benedito, estudante de Direito.
A paralisação dos professores federais completa um mês e os estudantes buscam relembrar que existem outras pautas além do reajuste salarial e de carreiras solicitado pela categoria. Neste ano, o orçamento da universidade teve corte de R$ 500 milhões em relação ao ano passado. No ano passado, o governo Lula aumentou o orçamento para pouco mais de R$ 6,5 bilhões, mas em 2024 foi de R$ 6 bilhões.
“Sem recomposição orçamentária e dos salários, é inviável continuar os trabalhos. Essa é uma luta pelas condições de trabalho e ensino. É necessário que o orçamento das universidades seja recomposto, porque com o orçamento que está aí, as universidades caminham para o sucateamento completo e seu definhamento”, explica Vinícius Junqueira, estudante de Sociologia.
Para os estudantes, as condições da Ufba passam longe de ideais. Prédios alagados durante períodos de chuva, falta de climatização nas salas de aula, falta de acessibilidade para estudantes com deficiência e residências estudantis sem manutenção adequada são algumas das reclamações feitas pelos discentes.
“O corte orçamentário afeta toda a estrutura da universidade. Não houve uma boa proposta, 0% de ajuste em 2024 é uma piada de muito mau gosto. Eu, como estudante, me sinto no dever de continuar buscando, no mínimo, os R$ 2 bilhões de recomposição orçamentária, a revogação do novo ensino médio, a prioridade para as universidades no Pacto Nacional pela Retomada de Obras, o reajuste e o aumento de 60% nas bolsas de ensino, pesquisa e extensão”, relatou a estudante de Letras, Karen Soledad.
Para Flora, a presença dos estudantes nos atos é imprescindível e ela espera que na próxima segunda-feira, veja mais colegas entre os protestantes em novo ato. Ontem, cerca de 300 pessoas estiveram em frente à Reitoria, mas poucos eram alunos da universidade. “Nós precisamos estar nesses espaços e precisamos colocar as pautas que conversam com todo o corpo estudantil em foco. Estarei presente nos próximos e espero que mais pessoas também se juntem a essa causa, porque greve não é ficar em casa; greve é ir para a rua, se movimentar e estar a favor, estar lutando pelas coisas que estamos pondo em questão aqui”, expressou a estudante de Direito.
Mesmo com as greves, a Universidade afirma que continuou com os serviços das unidades do Restaurante Universitário (RU), bibliotecas e coletivos do Buzufba funcionando normalmente. Os benefícios ofertados pela Coordenação de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil que continuam sendo pagos. São eles: Auxílio Alimentação, Auxílio à Pessoa com Necessidade Educativa Especial, Auxílio Creche, Auxílio Moradia, Auxílio Eventual de Saúde, Auxílio Transporte, Programa Permanecer e Programa Bolsa Permanência/MEC. As bolsas de pesquisadores também não foram impactadas.
No entanto, os estudantes estão sofrendo impacto no âmbito acadêmico. Prazos de entrega de trabalhos e defesas para a conclusão dos cursos foram alterados e seguem sem prazo para sua definição. Com o congelamento do semestre, os estudantes acreditam que irão passar por um ano atípico com calendários com o mínimo de férias e podendo até a ter três semestres no mesmo ano.
Na última sexta-feira, os professores da universidade votaram pela manutenção da greve por tempo indeterminado. A decisão foi resultado de uma votação mediante assembleia no Salão Nobre da Reitoria da Ufba. Haverá uma nova reunião no dia 4 de junho para discutir as pautas de recomposição orçamentária e assistência astudantil. Atualmente, 59 instituições federais de ensino estão em greve docente declarada no país, segundo o último informe do ANDES Sindicato Nacional.
Outras reivindicações dos professores são a recomposição do orçamento universitário, do salário dos trabalhadores da educação, reajuste das carreiras e revocação do Novo Ensino Médio e arcabouço fiscal.
*Com orientação da subeditora Fernanda Varela