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Estudantes relatam assaltos no entorno da Faculdade de Odontologia


 

Na terça (9), uma aluna teve o carro roubado dentro do estacionamento da universidade

  • Gil Santos

Publicado em 10/07/2024 às 12:53:03
Policiamento da Ufba foi reforçado após assalto. Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Um dia após o carro de uma estudante da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) ser roubado dentro do estacionamento da universidade, o policiamento no local foi reforçado com mais dois vigilantes, mas estudantes, servidores, pacientes e moradores ainda estão assustados. Eles contaram que assaltos são frequentes na região e que estão adotando estratégias para se proteger.

Era por volta das 17h40. Duas estudantes saíram do prédio da faculdade, na Avenida Araújo Pinho, no Canela, e desceram até o estacionamento. A motorista entrou no veículo, um Hyundai Creta de cor prata, quando um homem armado surpreendeu ela e a passageira do carona. Segundo testemunhas, o bandido já estava no estacionamento, dentro de outro carro, esperando por uma oportunidade.

A carona correu e a motorista desembarcou e entregou o veículo ao criminoso. O homem acelerou com o carro e foi seguido pelo comparsa, que estava no outro veículo, mas eles foram presos por policiais militares cerca de 1h após o crime quando trafegavam pela Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana), no Alto do Cabrito. Os nomes dos bandidos não foram divulgados, mas o CORREIO apurou que se trata de Jorge Leandro Anunciação, 32 anos, e Ewerton França, 24 anos. Um deles usou o carro do próprio pai para cometer o crime.

No dia seguinte, a notícia do assalto a mão armada ocorrido no estacionamento da universidade foi motivo de burburinho dentro e fora do prédio. Estudantes, professores, pacientes e moradores contaram que assaltos são frequentes na região, geralmente no começo da manhã e à noite. Esses são os momentos de maior movimentação por conta da chegada e da saída das turmas da Faculdade de Odontologia, da Escola de Música, da Escola de Nutrição e do Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes que ficam na mesma avenida.

A estudante de odontologia Giovanna Pereira, 25 anos, contou que, após um colega ser assaltado em frente ao prédio, ela e os amigos passaram a adotar algumas estratégias para evitar ser vítima. Duas vezes por semana as aulas dela terminam às 21h. Os alunos pedem mais segurança e a instalação de uma cancela.

"A gente sempre prioriza sair em grupo. Algumas vezes, tivemos que recuar para dentro da instituição por conta do risco de assalto. Os vigilantes observam e ajudam, mas ficam inaptos para intervir em muitas situações. A gente fica exposto", afirmou.

Servidores que trabalham no prédio contaram que um porteiro fica responsável pelo estacionamento, entre 6h e 15h, e que após esse horário não há mais funcionários fixos no local. Eles acreditam que mesmo que o porteiro estivesse presente no momento do assalto, pouco poderia fazer, já que os bandidos estavam armados. O refletor que deveria iluminar o estacionamento está quebrado.

A segurança no campus é realizada também de forma ostensiva, com vigilantes se deslocando entre os diversos prédios da universidade. Nesta quarta-feira, após o ocorrido, dois trabalhadores ficaram de plantão no local. A dona de casa Aline Silva, 45 anos, que é paciente de um hospital que fica do outro lado da rua contou que tem medo quando precisa chegar cedo para as consultas.

"Muita gente chega cedo para conseguir atendimento, antes das 5h, e é sempre arriscado. Tive uma amiga que foi assaltada quando vinha do ponto de ônibus, que fica a uns 500 metros daqui", disse.

Parte do gradil que separava a calçada e o barranco, na curva em frente ao estacionamento, desapareceu. Segundo testemunhas, foram furtados. Uma moradora, que pediu anonimato, contou que foi assaltada duas vezes na frente do prédio onde mora e que os bandidos têm preferência por vítimas com objetos de alto valor.

"A maioria dos assaltos ocorre com pessoas que estão de carro, moto ou bicicleta boa. São poucos os roubos rápidos de pessoas que estão andando. Em um dos assaltos que sofri, eles levaram o carro de minha amiga, que tinha acabado de parar para eu descer, e em outro levaram meu anel", contou.

Crimes são mais comuns no início da manhã e à noite. Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Placa adulterada

Em nota, a Polícia Militar informou que os bandidos usaram uma fita isolante para adulterar a placa do veículo usado no crime, mas que foram localizados e identificados após a denúncia no 190 nas imediações do Alto do Cabrito.

"Os dois ocupantes dos carros foram presos, sendo encontrados, com eles, um revólver calibre 32 com numeração raspada e o telefone celular de propriedade da vítima. Os PMs também constataram que a placa do carro de apoio, que pertence ao pai de um dos suspeitos, havia sido adulterada com fita isolante para dificultar o reconhecimento", diz a nota.

Os dois indivíduos receberam voz de prisão e foram encaminhados para a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV). Em nota, a Ufba informou que o reparo do refletor do estacionamento está sendo providenciado e que os demais pedidos, como reforço no policiamento e instalação de cancelas, serão avaliados pelos setores responsáveis.

"Logo após o fato, a Coordenação de Segurança da UFBA (Coseg) agiu prontamente e informou a ocorrência às autoridades policiais e disponibilizou imagens gravadas pelo sistema de vigilância da Ufba. Esse vídeo - que inclusive registrava as placas dos veículos envolvidos: o da estudante e o utilizados pelos criminosos – certamente contribuiu para a rápida identificação e prisão dos assaltantes, ainda de posse do veículo e bens das vítimas", diz a nota.