Estações meteorológicas automáticas enriquecem coleta de dados para previsão do tempo
Mais de 20 sistemas automáticos estão espalhados em municípios baianos
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
No site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as pessoas podem ter acesso aos dados de temperatura, umidade relativa do ar, previsão de chuvas e sensação térmica em tempo real, captados de hora em hora por estações meteorológicas automáticas, o que facilita o planejamento de setores como agricultura e turismo e apoio à Defesa Civil, que dependem do conhecimento de prognósticos climáticos. Acontece que nem sempre foi assim: até o ano 2000, dados sobre as previsões do tempo em todo o Brasil eram obtidos por meio de estações convencionais, que necessitam do acompanhamento de um profissional três vezes ao dia em Tempo Universal Coordenado (UTC) – 0UTC, 12UTC e 18UTC.
Com o surgimento das novas tecnologias, os dados também passaram a ser coletados a cada hora, por meio de uma caixa de sensores (estação automática), que é alimentada por uma placa solar, com o auxílio de sensores automáticos de medida dos parâmetros meteorológicos, como temperatura, radiação solar, umidade relativa do ar, precipitação, velocidade e direção do vento. As informações são armazenadas em um sistema de memória central, enviadas através de antenas via satélite.
Na Bahia, as estações automáticas estão espalhadas em mais de vinte cidades, entre eles estão: Porto Seguro, Belmonte, Una, Ipiaú, Itaberaba, Brumado, Guanambi, Itirucu, Ilhéus, Feira de Santana, Macajuba, Salvador, Ribeira do Amparo, Serrinha, Jeremoabo, Senhor do Bonfim, Queimadas, Jacobina, Delfino, Irecê, Curaca, Buritirama, Santa Rita de Cássia, Formosa do Rio Preto, Luiz Eduardo Magalhães, Barreiras, Piatã e Itamaraju.
De acordo com a meteorologista Claudia Valéria da Silva, do Inmet, os dois sistemas de obtenção de dados são confiáveis. A especialista conta que as novas tecnologias estão mais associadas ao processo de divulgação, não a precisão das previsões, que atualmente é de 95% de acertos. “O que as pessoas conhecem hoje, nós já tínhamos há 15 anos, mas as pessoas não sabiam, não utilizavam, por causa da desinformação, não que a fonte tivesse uma qualidade inferior. A gente reduziu o caminho entre a fonte e o usuário”, diz, salientando que as pessoas podem obter as informações por meio dos jornais, veículos de comunicação digitais, telejornais e outras plataformas.
O objetivo do Inmet é aumentar o número de estações meteorológicas automáticas completas, as quais captam dados de todos os parâmetros meteorológicos, diferente dos pluviômetros automáticos, responsáveis apenas pela medição automática da quantidade de chuva precipitada. “Com sistemas mais completos, nós teremos mais informações sobre o que acontece em vários pontos do estado”. Em Salvador, as duas estações automáticas completas estão situadas no bairro de Ondina e na Base Naval de Aratu.
Ainda conforme Claudia, não há uma diferença significativa de precisão entre estações automáticas e convencionais. Pelo contrário, com o aumento do sistema, a coleta de dados é enriquecida. “Com a implementação dessa nova rede, nós aumentamos a quantidade de estações. Quando a gente aumenta a quantidade de pontos, temos uma melhoria na precisão”, pontua.
O CORREIO entrou em contato com a Climatempo, empresa brasileira de meteorologia privada, em busca de informações sobre sua atuação na Bahia, mas não havia respostas até o fechamento desta matéria.
Diário do Clima
Desenvolvido por seis organizações digitais com especializações em coberturas jornalísticas sobre o meio ambiente, transparência de governos e análise de dados, o Diário do Clima será lançado nesta quinta-feira (31), no evento Coda Amazônia 2023, edição regional da Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais. A plataforma é um mecanismo de monitoramento das atividades governamentais relacionadas às questões climáticas e que são relatadas nos diários oficiais de municípios do Brasil.
“A maioria dos municípios brasileiros não possui portais de transparência e de dados abertos, especialmente sobre meio ambiente, e o diário oficial acaba sendo a principal fonte de informação. No entanto, a busca sobre o assunto específico em cada um deles é complicada. O Diário do Clima permite descobrir histórias que estão acontecendo ou acabaram de se tornar públicas, como editais, infrações ambientais, novas regras sobre o tema”, pontua Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da Open Knowledge Brasil, uma das organizações responsáveis pelo projeto.
Conforme Campagnucci, o Diário do Clima surge de um outro projeto da Open Knowledge Brasil, do Querido Diário, ferramenta que propõe o uso da inteligência artificial para classificação e contextualização de informações publicadas nos diários oficiais. “Nós temos poucas informações sobre os municípios brasileiros. Por isso, o Diário surge, porque precisávamos de uma fonte fiel aos acontecimentos”.
O Diário do Clima é uma plataforma desenvolvida pelas organizações Agência Envolverde, #Colabora - Jornalismo Sustentável, Eco Nordeste, InfoAmazonia, ((o)) Eco e Open Knowledge Brasil, com o apoio da Google News Initiative na América Latina. A ferramenta pode ser utilizada gratuitamente, mas também apresenta a versão PRO, com uma taxa mensal de R$ 19,90, que dá direito a busca por palavra-chave ou CNPJ, filtro por município, visualização de resultados de todo o histórico disponível no banco de dados, filtro inteligente por temas inteligentes e criação de alertas com filtros e palavras-chave personalizadas.
O Diário é inaugurado com dados de 102 municípios brasileiros, que representam 50 milhões de habitantes. Na Bahia, a ferramenta trabalha com informações de 10 municípios, alcançando 4,2 milhões de pessoas.
Para obter mais informações sobre a plataforma, basta acessar o diariodoclima.org.br.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo