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Eles mostram que nunca é tarde para aprender: veja histórias de pessoas que foram alfabetizadas adultas

Dia Nacional da Alfabetização é celebrado nesta terça-feira (14)

  • Foto do(a) author(a) Raquel Brito
  • Raquel Brito

Publicado em 14 de novembro de 2023 às 06:00

Claudenilson voltou a estudar aos 49 anos
Claudenilson voltou a estudar aos 49 anos Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Para Claudenilson Ferreira, comerciante de 49 anos, aprender a ler e escrever na adolescência foi um luxo ao qual ele não teve acesso. Natural de Governador Mangabeira, município a cerca de 140km de Salvador, ele se mudou ainda criança para a capital com a mãe e os quatro irmãos mais velhos. A renda curta da família, que vinha do ofício de sua mãe como empregada doméstica, fez com que Claudenilson entrasse para a dura estatística dos jovens que abandonam os estudos pela necessidade de trabalhar.

No início deste ano, enquanto ouvia um programa de rádio, percebeu a oportunidade de aprender: um anúncio de alfabetização gratuita para adultos. Segurou a chance e, hoje, está no segundo semestre do curso, realizado a partir de uma parceria entre o Instituto Yduqs e a Universidade Estácio.

“O conhecimento ninguém tira da gente. A leitura é algo lindo, é outro mundo. A gente começa a descobrir outras coisas e também não depende mais de ninguém. É maravilhoso poder chegar em qualquer repartição pública e resolver seus problemas sem depender de ninguém”, diz.

O Programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos foi criado pelo Instituto Yduqs há cinco anos. Na Bahia, chegou em 2022. De lá para cá, mais de 50 alunos já passaram pelo programa, que consiste em turmas semestrais e costumava receber de oito a dez estudantes. Neste semestre, entretanto, houve um aumento considerável: a turma atual conta com 25 pessoas, entre 26 e 75 anos.

Dividido em dois módulos, o projeto engloba aqueles que não têm nenhum contato com a leitura e a escrita e também as pessoas que já têm uma noção, mas com dificuldades. Além do letramento, os alunos têm acesso gratuitamente a aulas de matemática e informática, material didático e lanches. As aulas são ministradas por professores e estudantes de pedagogia da Estácio.

Nesta terça-feira (14), é celebrado o Dia Nacional da Alfabetização, instituído no Brasil na década de 1960. De acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de 2022, 5,6% da população brasileira é analfabeta atualmente. Airton dos Santos, de 27 anos, é uma das pessoas que entrou no projeto de letramento para sair dessa porcentagem. Participante desde o início do curso, ele conta que quase completou o ensino médio, mas foi expulso por conta da idade.

Desde então, as dificuldades na parte de leitura e escrita que ele já trazia desde pequeno se intensificaram. Airton chegou a fazer um curso de administração, criando táticas e contando com os colegas para driblar os problemas com as palavras.

“No primeiro ano do ensino médio, quando eu tinha 18 anos, eu paguei uma pessoa para me dar aulas de alfabetização, mas eu só conseguia compreender a leitura, não conseguia escrever. Quando a pandemia acabou, eu procurei outros meios para terminar de me alfabetizar”, diz. Após muito tempo de busca sem sucesso, recebeu da cunhada a indicação para o Programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos.

Para ele, hoje a leitura tem um papel essencial, e o aprendizado é diário. “Se você não sabe escrever e ler, você não compreende o mundo. Quando eu comecei a ler, comecei a entender um pouco. A escrita está sendo uma nova descoberta para mim”, conta.

Marialva Gargur, pedagoga e coordenadora do projeto, conta que o Programa de Alfabetização nasce a partir da consciência de que a universidade não deve se concentrar apenas em seus integrantes, mas também em desenvolver atividades voltadas para a comunidade.

Para ela, essa experiência é enriquecedora tanto para os estudantes que estão aprendendo como para os futuros pedagogos que auxiliam no ensino. “[Os universitários] começam a planejar aulas, operacionalizar e acompanhar as aulas, então é um processo de desenvolvimento da sua prática profissional também. E para os alunos que estão sendo alfabetizados, a gente trabalha no sentido de que eles possam sempre interpretar a realidade que eles vivem, que tenham consciência crítica. O projeto de inclusão traz cidadania”, diz.

Próximo do fim do semestre, o curso já está com vagas abertas para as primeiras turmas de 2024. Para se matricular, Marialva explica que basta ir presencialmente na faculdade, na sala “acolhimento ao calouro”, ou acessar o site da Estácio.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela.