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Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2023 às 13:02
Após a prisão da mulher suspeita de cortar seu rosto enquanto viajava em um ônibus, a estudante de enfermagem Stefani Firmo, de 23 anos, contou que está aliviada com o resultado de toda mobilização. Ela conta que dias antes recebeu a informação que a acusada estaria em São Paulo.
“Eu estava aplicando a prova do Enem quando recebi a notícia de que ela teria sido presa. Antes disso, eu recebi a notícia de que tinham feito uma denuncia anônima, e também me procuraram para falar que tinham visto ela em São Paulo. Imediatamente eu comecei a mobilizar o máximo de pessoas que eu pude para que pudessem procurar essa mulher e na esperança que a polícia agisse de forma imediata. É como se agora eu tivesse desatando um nó que me amarrava e impedia de olhar para trás. Acredito que ainda existem vários nós, mas esse é o principal", contou Stefani em entrevista ao Jornal da Manhã, na TV Bahia.
A mulher de 46 anos foi presa em São Paulo na tarde de domingo (12) em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo Estado da Bahia. A agressão aconteceu no dia 29 de novembro de 2022 e a jovem precisou levar 18 pontos no rosto. Stefani foi esfaqueada enquanto dormia em uma viagem de ônibus entre Recife e Salvador.
Relembre o caso
A estudante de enfermagem Stefani Firmo, 23, foi esfaqueada no rosto enquanto dormia em uma viagem de ônibus entre Recife e Salvador, no dia 29 de novembro de 2022. Ela estava voltando da capital pernambucana, onde tinha ido realizar uma prova de residência em Enfermagem, acompanhada de uma amiga, quando sofreu o ataque. Por volta das 5h da manhã, Stefani acordou com o rosto sangrando e entrou em alerta.
“Na hora, eu fiquei sem entender. Primeiro eu pensei que fosse um objeto de cima do ônibus que tinha caído, alguma bagagem, não sei. Mas eu verifiquei que nem bagagem tinha em cima e a primeira reação foi pedir ajuda”, contou ao CORREIO na época.
O ônibus da empresa Expresso Guanabara, que realizava o trajeto, passava pelo município do Conde no momento do ocorrido. Stefani havia embarcado às 18h15 do sábado (28) e tinha pretensão de chegar em Salvador às 7h40. Da capital baiana, o plano era seguir até Itabuna, onde mora, mas a chegada precisou ser adiada depois do que aconteceu.
A jovem conta que essa era apenas a sua quarta viagem de ônibus na vida. Na primeira vez, indo de Salvador para Belo Horizonte, ela ficou tensa e compartilhou diversas vezes sua localização com a mãe. Depois de passar pela experiência outas vezes, a estudante afirmou ter ficado mais tranquila quando embarcou em Recife rumo a Salvador. “À noite, inclusive, era a viagem que eu preferia fazer, porque eu pensava 'é melhor porque eu durmo, acordo e estou no destino'”, relatou.
Tudo estava seguindo como o imaginado, mas às 4h30 Stefani despertou e decidiu ir até a poltrona que sua amiga estava. Ela pediu um remédio para dor de garganta e retornou para sua poltrona. Enquanto se acomodava, a jovem afirma ter sentido um leve puxão no seu cabelo, vindo da direção da poltrona atrás da sua.
“Eu coloquei o cabelo para o lado, peguei a coberta e me cobri até o pescoço, que é o jeito que eu durmo. E dormi com os óculos. Foi o que me protegeu”, diz ela.
Cerca de meia hora depois, Stefani acordou sentindo uma batida e um peso no rosto. Assim que percebeu que sangrava, pediu ajuda a amiga, que dormia, assim como todos os demais passageiros. A única exceção, segundo a vítima, era a mulher na poltrona atrás da sua, que estava acordada e ficou impassível diante da movimentação.
“Ela olhou para mim, me viu sangrando, mas foi totalmente fria, apática, não esboçava nenhuma reação. Olhou para mim, virou o rosto e seguiu”, relembra. De acordo com Stefani, a primeira vez que viu a mulher foi no momento do embarque. Quando todos os passageiros se mobilizaram para chamar a atenção do motorista, a falta de reação da mulher fez com que a estudante e sua amiga a vissem como suspeita. “Minha amiga foi lá perguntar se ela tinha visto se alguma coisa tinha caído em cima de mim e ela simplesmente disse que nem sabia o que estava acontecendo”.
A jovem precisou levar 18 pontos no rosto. À época, Stefani procurou um dermatologista para minimizar a cicatriz, embora acreditasse que as marcas do trauma não seriam esquecidas tão cedo. “A sensação maior é de que a suspeita poderia estar fazendo isso para me matar. O intuito foi para ser até o pescoço, mas não conseguiu por conta do edredom. Foi livramento”, resumiu.
A jovem ainda contou que não pretendia mais andar de ônibus em razão do sentimento de insegurança.
Conforme a Polícia Civil, uma faca foi localizada com uma passageira, mas, segundo Stefani, ainda foi visto no ônibus que a suspeita carregava um alicate e uma tesoura.
“Fica um alerta para a rodoviária se preocupar com a questão da segurança a partir de um detector de metais, de uma rigorosidade para que o passageiro possa embarcar com maior segurança”, finaliza.
De acordo com a Expresso Guanabara, empresa da linha de ônibus que fazia o trajeto entre Recife e Salvador, as imagens da câmera do ônibus foram enviadas à Polícia Civil da Bahia, conforme pedido da autoridade policial para dar continuidade à apuração dos fatos.
A Polícia Civil comunicou que a Delegacia de Proteção ao Turista de Conde estava com as imagens do circuito interno de segurança do ônibus interestadual para auxiliar na identificação da autoria. Alguns passageiros foram ouvidos na unidade especializada.