Assine

'Desobedecia a Deus para obedecer aos pobres': conheça as histórias irreverentes de Santa Dulce


 

Santa 'castigou' Santo Antônio e enganou agentes municipais para ajudar pobres e doentes

  • Larissa Almeida

Publicado em 06/08/2024 às 09:00:00
Altar para Santa Dulce nos Pobres na Escola Santa Rita. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

No rol de histórias contadas sobre Irmã Dulce, a Santa Dulce dos Pobres, aquelas que versam sobre a fé e os milagres atribuídos à santa baiana são maioria. No entanto, na memória da professora Lia Costa, que foi amiga e ajudante de Dulce, também há espaço para as histórias irreverentes em decorrência da teimosia da freira.

“Ela desobedecia a Deus para obedecer aos pobres”, afirma Lia. “A maior briga dela era com Santo Antônio, porque ela achava que ele tinha que ajudá-la. Ela ajoelhava no altar da igreja com um terço, ao lado do santuário, e dizia o que estava precisando. Ou ele dava ou ela não saía dali. Teve uma vez que ela colocou Santo Antônio na chuva, por volta de meia-noite. Estava chovendo e fazendo frio, e tinha muito paciente com o queixo tremendo de frio, com febre e sem remédio. Ela disse que ia colocar Santo Antônio na chuva para ele aprender o que é fazer uma pessoa sofrer”, conta.

Meia hora após a decisão ousada de Santa Dulce, Lia relata que um caminhão parou, em frente ao local em que o santo estava, carregado com cobertores. Ela perguntou ao homem que estava descarregando se tinha sido Santo Antônio que tinha mandado. “Ele disse que só poderia ter sido Deus. Ela não conversou, só foi cobrir cada uma das pessoas que estavam na rua. Quando acabou tudo isso, ela foi até ao caminhão agradecer e disse ao chofer: “Foi Santo Antônio mesmo, porque você é a cara dele”, relembra, aos risos.

Em outra oportunidade, Santa Dulce enganou agentes da prefeitura ao solicitar a visita de um veterinário para vacinar seu cachorro. Quando o veterinário chegou lá, foi obrigado a vacinar todos os cachorros da rua. “Ela fez isso para os cachorros não pegarem doença e transmitirem para as pessoas. Ela tinha essa mente brilhante”, ressalta.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro