Depósito que pegou fogo é clandestino, diz coordenador da Defesa Civil

Um depósito de material reciclável que pegou fogo na noite de quarta-feira (17), na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvado (RMS), funcionava de maneira clandestina. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, Ivanaldo Soares, o terreno está irregular, sem registro na Prefeitura e não possui Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.

"Ele [o proprietário do terreno] fez isso de forma aleatória e em um local inadequado. Essa era uma tragédia anunciada. Vamos interditar esse terreno até que se resolva o que vai fazer com esse material", disse o coordenador.

Ele afirmou ainda que todo Executivo municipal está mobilizado em resolver os impactos provocados pelo incêndio. A Sedur foi acionada para identificar o proprietário da área e já foi feito contato com a Polícia Civil para o devido encaminhamento.

Famílias prejudicadas

De acordo com informações oficiais, 15 famílias precisaram ser retiradas das suas casas por conta do incêndio. Nove delas foram para a casa de parentes e outras seis foram para um abrigo.

No entanto, moradores da região revelam o que número pode ser maior. Reni Oliveira, gestora da secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, em entrevista ao Correio, afirma que acredita que cerca de 30 famílias vão precisar ser acompanhadas. Moradores falam em 50 famílias.

Um morador que vive perto do foco com a esposa e um filho perdeu tudo por conta do incêndio. Segundo ele, a Defesa Civil levou as pessoas para um abrigo, mas o espaço não cabia todo mundo. Por isso foi priorizada as pessoas que tinham crianças ou não tinham casa de parentes para ficar.

Combate às chamas

O Corpo de Bombeiros foi chamado no início da tarde de ontem para atender uma ocorrência de incêndio em vegetação. Quando a viatura chegou, constatou que se tratava de um incêndio em um depósito de materiais reciclados.

"Quando nos demos conta da dimensão da ocorrência, trouxemos mais duas viaturas e, à medida que o incêndio foi evoluindo, mobilizamos mais ferramentas e equipamentos", disse capitão Jurandir Santos Araújo, subcomandante do 10º Batalhão do Corpo de Bombeiros.

Por volta das 18h, quando o incêndio estava completamente desenvolvido, foram usados no combate seis viaturas, 26 bombeiros, três máquinas e dois caminhões pipa. Às 22h, a equipe conseguiu isolar a área que não havia incendiado e a outra área, atingida pelo fogo, foi confinada.

Segundo o comandante da operação, muito provavelmente houve a queima de vegetação em algum terreno próximo e esse fogo progrediu para o depósito. A progressão do incêndio tem relação com o tipo de material queimado: plástico diversos e papelão. "É um material de muito fácil combustão e queima muito rápida. É um incêndio que consegue se desenvolver em questão de dois, três minutos".

Fogo controlado

O fogo está controlado e não oferece risco à população. No entanto, devido a extensão de 30 mil m² da área e a grande quantidade de material plástico, cerca de 120 toneladas, tem havido reignição em alguns pontos a medida que aumenta a temperatura e a incidência de vento.

"As residências ao redor a gente conseguiu proteger e agora vamos utilizar o maquinário para revirar o material e fazer o resfriamento. Esse é um serviço mais lento que deve ser feito utilizando estratégias para não comprometer a segurança das pessoas que estão trabalhando", completou.

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que dezesseis bombeiros permanecem no local. Uma retroescavadeira está dando apoio, abrindo espaço entre a área atingida e revirando o material. O objetivo é fazer com que qualquer possível novo foco de incêndio seja resfriado. 

É recomendado que pessoas que inalaram fumaça procurem um médico para não sofrerem consequências a médio prazo da intoxicação pela fumaça, uma que o depósito possui diversos tipos de resíduo, inclusive lixo hospitalar.