Dengue: 80% dos criadouros do mosquito estão dentro de casa
Prefeitura lançou campanha de enfrentamento ao mosquito, nesta quarta (28)
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Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
São 1.066 pessoas com suspeita de dengue em Salvador, casos que estão sob investigação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e 80% dos criadouros encontrados pelos agentes de endemias estavam dentro das casas, conforme divulgado pelo CORREIO no fim de semana. O aumento dos casos acendeu o alerta e, nesta quarta-feira (28), a Prefeitura fez um balanço das ações realizadas e deu início a campanha de combate ao mosquito Aedes Aegypti.
Os detalhes da campanha foram apresentados durante a entrega do novo Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), na Federação. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) disse que é importante que a população se mobilize no enfrentamento aos focos do mosquito Aedes aegypti.
"80% dos focos de onde há a reprodução do mosquito é em residências e estabelecimentos comerciais. A população tem papel fundamental nesse enfrentamento. Estamos conclamando a população para se vacinar. Na semana que vem faremos vacinação nos shoppings. Não dá para brincar", disse.
Ações
Durante o evento foram listados as ações realizadas pela prefeitura nos últimos meses no enfrentamento ao mosquito. O prefeito frisou que o Brasil vive hoje uma epidemia da doença, porém Salvador está com a situação controlada, em situação de alerta. Atualmente a cidade tem taxa de 44,3 casos por 100 mil habitantes, um décimo do que é registrado no país, que alcança 479,3 casos, e abaixo também da Bahia, que tem 119,9 casos neste mesmo índice.
Bruno Reis destacou que o número menor de casos em Salvador em comparação com o Brasil se dá por conta dos trabalhos preventivos realizados pela Prefeitura. “Na vida pública não basta saber fazer, tem que saber a hora de fazer. Nós antecipamos o início dessa operação para o mês de setembro, e de lá para cá uma série de ações estão sendo realizadas que permitiram hoje Salvador, quando se compara com a Bahia, com o Brasil, em especial com as outras cidades, ter o menor índice de infestação”, disse.
O Levantamento Rápido de Índice para o Aedes aegypti (LIRAa) de Salvador foi de 1,8, em janeiro. Isso significa que foram encontradas larvas do mosquito em quase dois de cada 100 imóveis vistoriados. Segundo a Prefeitura, este índice aponta um cenário de alerta, mas no comparativo ao mesmo período do ano passado houve uma redução: em janeiro de 2023, a taxa era de 2,4.
A vice-prefeita e secretária municipal de Saúde, Ana Paula Matos, afirmou que o resultado positivo do LIRAa aponta o sucesso da Operação Verão Sem Mosquito, iniciada pela Prefeitura em setembro do ano passado. “Estamos há seis meses intensificando as ações de rotina, como o controle tanto mecânico, que é retirar a água que está parada, como o químico; também com o ingresso compulsório em imóveis que estão abandonados; com vistorias em barcos, em cemitérios, em depósitos, em todos os locais em que pode ter água parada”, disse.
O Município também anunciou a utilização de tecnologia, com armadilhas do tipo ovitrampa, para monitorar as regiões prioritárias para fazer o controle vetorial; a instituição do Comitê Municipal de Prevenção e Controle de Arboviroses; o funcionamento do Centro de Operações Especiais (COE), com a participação de representantes de outras secretarias para melhor coordenar as ações intersetoriais; e um simulado de mesa em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para avaliar a resposta do município a um cenário de emergência provocado pela doença.
Atualmente, a vacina contra a dengue está disponível para as crianças de 10 e 11 anos, de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde. Até o momento, já foram aplicadas 9.668 doses. Neste final de semana, a Prefeitura vai promover um mutirão nos shoppings de Salvador.
Durante o evento, a Fundação Maria Emília (FME) anunciou a doação de cartilhas educativas sobre o enfrentamento ao mosquito da dengue. O material será distribuído nas escolas e unidades de saúde.
Veja as principais informações sobre a Dengue
Doença - A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada. A maioria dos doentes se recupera, porém, parte deles podem progredir para formas graves, inclusive virem a óbito. A quase totalidade dos óbitos por dengue é evitável e depende, na maioria das vezes, da qualidade da assistência prestada e organização da rede de serviços de saúde.
Sintomas - É preciso procurar um médico quando houver febre (39°C a 40°C), dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos. Com o declínio da febre, entre 3° e o 7° dia do início da doença, podem surgir sinais de alarme: dor abdominal; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos em cavidades corporais; hipotensão postural e/ou lipotímia; letargia e/ou irritabilidade; aumento do tamanho do fígado; sangramento de mucosa; e aumento progressivo do hematócrito.
Transmissão - O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas. Transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e por transfusão de sangue são raros.
Diagnóstico - Não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que é baseado nas manifestações clínicas apresentadas. No entanto, para apoiar o diagnóstico clínico existem disponíveis técnicas laboratoriais para identificação do vírus (até o 5° dia de início da doença) e pesquisa de anticorpos (a partir do 6° dia de início da doença).
Tratamento - O tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos. São recomendados repouso e ingestão de líquidos. É importante não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme, e sempre retornar para reavaliação clínica conforme orientação médica. Ainda não existe tratamento específico para a doença.
Confira como se proteger do mosquito:
- Tomar a vacina disponível na rede pública, por enquanto o imunizante está está destinado para pessoas de 10 e 11 anos;
- Uso de telas nas janelas e repelentes;
- Remoção de recipientes que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
- Vedação dos reservatórios e caixas de água;
- Desobstrução de calhas, lajes e ralos;
- Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
*Fonte: Ministério da Saúde