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Defesa tentará que menor apreendido por morte de cigana permaneça no ES: 'Risco evidente'


 

Será pedida a revogação da pena, e, em caso de negativa, que ela seja cumprida naquele estado, e não na Bahia

  • Marcos Felipe

Publicado em 28/07/2023 às 19:53:13
Apreendido na quarta (26), jovem está no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases). Crédito: Reprodução/Redes sociais

A defesa do adolescente investigado por ato análogo ao feminicídio de Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, irá pedir a revogação da internação provisória do menor, determinada pela Justiça no último 15. A ideia é que, mesmo em caso de negativa, ele permaneça no Espírito Santo, onde foi apreendido, durante a quarta-feira (26) — em vez de ser transferido para Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, local do crime contra sua esposa.

A defesa cita como justificativa a circulação de publicações na internet, logo após o ocorrido, que divulgavam uma recompensa de R$ 300 mil oferecida pelo pai da vítima, Hiago Silva, a quem informasse o paradeiro do jovem, que também tem 14 anos. Hiago, porém, nega que tenha feito a oferta. "Há um risco evidente de que essas ameaças se concretizem", sustentou o advogado Homero Mafra.

"Em termos da imposição da medida, não há diferença entre cumprir na Bahia e cumprir no Espírito Santo. A diferença se faria em termos de segurança pessoal do adolescente, e cabe ao Estado proteger a vida daquele que está sob sua custódia. Não se está pedindo privilégio", enfatizou ele.

Ainda segundo o advogado, a internação do menor — que tem duração prevista de 45 dias, improrrogáveis —, é considerada uma medida excepcional, "quando todas as circunstâncias levarem a isso", mas que, nesse caso, o pai do investigado alega que o disparo que vitimou Hyara Flor foi feito por outro filho seu, também adolescente.

"Nesse primeiro momento, nós entendemos que ele [o apreendido] pode ficar aos cuidados da família, com o compromisso de se apresentar e participar dos atos processuais sempre que for intimado", explicou Mafra. Após ter passado pela Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei, o jovem foi levado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), onde se encontra desde então.

Relembre o caso

Hyara Flor Santos Alves foi morta no dia 6, em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro abaixo do queixo. Segundo a Delegacia Territorial (DT) de Guaratinga, no local do crime, foram apreendidos uma pistola calibre 380, dois carregadores e munições. O caso foi registrado como feminicídio, mas não foram divulgadas mais informações sobre o suspeito.

Depois de ter sido baleada, a adolescente chegou a ser socorrida para um hospital da região, porém não resistiu. Ela deu entrada na unidade com a informação de que teria se ferido no queixo ao ter limpado a pistola. No entanto, contradições levantaram a suspeita de que se tratava de um crime.

A Polícia Militar (PM) foi chamada. Testemunhas contaram à equipe da 7ª Companhia Independente (CIPM) que o esposo de Hyara Flor fugiu com o pai depois do fato. Eles não foram localizados.