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Defesa pede que acusado de estuprar e matar menina Aisha Vitória fique em cela especial


 

Justiça decretou prisão preventiva do suspeito, que confessou crime "com riqueza de detalhes"

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 25/07/2024 às 13:54:07
Joseilson deixa a Vara de Audiência de Custódia. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A defesa de Joseilson Souza da Silva, 43 anos, preso pela morte de Aisha Vitória Santos da Silva, de 8 anos, solicitou que ele seja colocado em uma cela especial com monitoramento eletrônico. Também foi pedido que o suspeito passe por novo exame de corpo de delito.

A Justiça decidiu pela prisão preventiva do suspeito, levando em conta os elementos da investigação policial, depoimento de testemunhas e o interrogatório com o próprio acusado, que confessou o crime "com riqueza de detalhes". Ele assumiu que estuprou Aisha e a matou por esganadura por volta das 17h de segunda-feira (22).

A necropsia confirmou que a menina morreu por traumatismo cranioencefálico fechado. Os exames sexológicos encontraram pequenas hemorragias na criança, mas foram solicitados exames complementares para confirmar o abuso.

Para a Justiça, "a gravidade da concreta e hediondez do delito justificam a prisão, ajudando a cumprir a lei penal e garantir a ordem pública".

A decisão ainda atende pedido da polícia para que o material genético de Joseilson seja inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos. A juíza não se manifesta na decisão sobre os pedidos da defesa em relação à cela especial. 

Histórico de crimes

Autor confesso da morte de Aisha Vitória Santos da Silva, de oito anos, Joseilson Souza da Silva, 43, acumula denúncias por tentativas de estupro contra menores, além de processos criminais e jurídicos por furtos e crimes contra o patrimônio. Ele foi réu em processos movidos pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e pelas 3ª e 14ª Varas Criminais da Comarca de Salvador, de acordo com informações retiradas da consulta pública de processos da Procuradoria de Justiça do Estado da Bahia (PJE-BA).

Recém-chegado no bairro, Joseilson morava em Pernambués há pouco mais de um ano, mas havia se mudado para a Travessa São Jorge – localidade situada no próprio bairro, onde Aisha morava com a família – há três meses. De acordo com amigos da família da vítima, que foram ouvidos pela reportagem, ele vivia antes em São Gonçalo dos Campos, na região de Feira de Santana. Na cidade, o homem era conhecido pelo apelido Pé de Pato e, segundo relatos, realizava pequenos roubos e tentativas de estupro a menores.

Na noite desta terça-feira (23), a Polícia Civil confirmou que o criminoso já havia sido preso em 2015, no município de São Gonçalo dos Campos, pela prática de crime sexual contra uma criança de sete anos. A informação coincidiu com o relato de uma mulher natural de São Gonçalo dos Campos, que não quis ser identificada. Ela, que durante a tarde foi até a sede da Polícia Civil da Bahia, em Salvador, após ter visto a repercussão do crime que vitimou Aisha, relatou que Joseilson já havia tentado estuprar uma criança de oito anos na antiga cidade em que vivia.

"No momento, os pais conseguiram ver pelas câmeras que ele tinha invadido a casa. Ele chegou a ser preso e é reincidente por vários casos no interior de São Gonçalo. Não era para estar solto. O estupro não aconteceu, mas existe boletim de ocorrência”, disse.

Na segunda-feira (22), Joseilson foi visto por vizinhos por volta das 20h, enquanto a população estava mobilizada à procura de Aisha Vitória. Segundo uma amiga da família da vítima, ele estava bebendo na porta de casa e foi o único no entorno que não se dispôs a ajudar nas buscas. Ela ainda contou que, salvo quando bebia, o homem tinha o costume de viver isolado, de modo que não houve suspeita dele em um primeiro momento.

“Eu só via ele na praça, bebendo e dançando com algumas pessoas. Antes, ele morava depois do colégio que Aisha estudava, e de repente foi morar ali, onde só vive família e poucas pessoas moram de aluguel. Ele andava na rua e não olhava nos olhos das pessoas, então, foi difícil lembrar dele”, diz Eliana Souza, uma das amigas da família da vítima.

Outra amiga e vizinha, que não se identificou, ainda contou que Joseilson tinha o costume de pagar bebidas para mulheres em troca de algumas danças na rua. Quando estava sóbrio, ele também oferecia doces e dinheiro para crianças. A suspeita da mãe de Aisha, segundo um primo de consideração, se deveu justamente a esses comportamentos do criminoso, somados ao fato de que ele era o único estranho na localidade.

“Depois que paramos de procurar a menina, às 2h da manhã, a mãe dela sentou no sofá lá de casa e disse ‘tem um rapaz que é recém-chegado aqui no bairro e eu tenho uma cisma com ele’. Foi então que eu falei com o policial, que perguntou onde ele morava e eu disse. Ele foi lá e foi certeiro: viu logo a sandália dela e o ursinho”, detalhou Danilo Souza.

A Polícia Civil e Departamento de Polícia Técnica estiveram no local para perícia e remoção no corpo. Ao encontrarem o corpo, houve a desconfiança dos profissionais de possíveis sinais de violência sexual no corpo da criança, o que só será confirmado após exames periciais. A suposição foi confirmada com a confissão de Joseilson, que disse ter abusado de Aisha, além de ter estrangulado a garota.

Após confessar o crime para a polícia, Joseilson sofreu tentativa de linchamento de populares, mas foi conduzido em segurança para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro de Itapuã, por volta de 12h. Ele ficou no local até 15h55, quando foi levado para ser submetido a um exame de corpo de delito.