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Covid: os riscos de não testar e sair espalhando o vírus por aí


 

Infectologistas recomendam uso de máscaras e isolamento social em casos gripais até que diagnóstico seja feito

  • Millena Marques

Publicado em 03/11/2023 às 05:30:00
Crédito: Agência Brasil/Arquivo

Parece ser um resfriado comum ou uma simples gripe, mas pode ser Covid-19. Os sintomas similares dificultam a busca por um diagnóstico concreto, o que contribui para o aumento de casos no estado, visto que há uma banalização da doença: as pessoas apresentam quadros gripais, mas não seguem as orientações médicas e acabam espalhando o vírus por onde passam.

Isso é o que aponta a médica infectologista Áurea Paste, coordenadora da residência de Infectologia do Instituto Couto Maia (Icom). "Por conta do aumento da vacinação, os casos têm sido brandos. As pessoas têm relaxado, saem mesmo com sintomas gripais e não realizam testes", afirma.

O problema é justamente a contaminação de pessoas com imunodeficiências, idosos e crianças recém-nascidas, que são mais suscetíveis a complicações graves. A disseminação do vírus nestes grupos é preocupante, porque ainda podem apresentar quadros mais complexos, com riscos de morte.

Distante do auge da pandemia, os sintomas similares aos de um simples resfriado dificultaram o diagnóstico da doença, que tem se espalhado com maior facilidade na Bahia nos últimos dias.

De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), divulgados nesta quarta-feira (1), o estado registrou 645 casos de Covid entre os dias 24 e 28 de outubro. Esse número representa um crescimento de 131,2% dos casos quando comparado à semana anterior, quando 279 casos foram registrados.

Conforme o Alerta Epidemiológico, a Bahia registrou um aumento expressivo no número de contaminados nas últimas três semanas - casos novos confirmados e ativos. Em média, 25 casos foram registrados por dia, entre as semanas de 30/07 a 02/09. No período de 24/09 a 28/10, essa média aumentou: 45 casos por dia.

No mês de outubro, ocorreram cinco mortes por Covid-19 e dez casos foram notificados de períodos anteriores.

Segundo o infectologista, é praticamente impossível distinguir gripe, resfriado e Covid nas fases iniciais, mas salienta que as chances de ser uma gripe são mínimas, porque não vivemos uma onda de Influenza nesta época do ano. "O que temos é uma onda de Ômicron. Então, se a pessoa apresenta febre, nariz entupido e espirro é Covid até que se prove o contrário", afirma.

Testagem também é importante para a descoberta de novas variantes

Além de auxiliar no monitoramento das Secretarias de Saúde e evitar a disseminação do vírus em maior escala, a realização dos teste cumpre papel essencial na descoberta de novas cepas da Covid-19.

"O vírus é muito mutável. Volta e meia, novas variantes são descobertas e isso precisa ser monitorado. A testagem é importante para que haja conhecimento das cepas que estão circulando, para que as vacinas sejam produzidas", aponta a infectologista, salientando que a situação da Covid pode, futuramente, ser similar à gripe, com vacinas anuais.

Essa percepção também é apontada por Adriano Oliveira. No entanto, o infectologista reforça que a Covid ainda não possui esse status endêmico, como é caso do Influenza. "Uma doença endêmica possui um comportamento padrão muito bem conhecido. A Covid não obedece padrões. Ela simplesmente faz a onda dela, pouco importa o período do ano", pontua Oliveira.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro