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Corpos de vítimas de queda em elevador foram trocados no IML, e família faz apelo: 'Todo mundo aflito'


 

Departamento de Polícia Técnica nega troca e diz que vai apurar "falha de comunicação com as famílias"

  • Maysa Polcri

Publicado em 15/11/2024 às 12:18:40
Acidente aconteceu em elevador de prédio no Horto. Crédito: Reprodução

Os corpos dos dois carregadores de mudanças mortos em uma queda de elevador, na quinta-feira (14), no Horto Florestal, foram trocados no Instituto Médico Legal (IML) Nina Rodrigues. A informação foi confirmada por familiares que aguardavam, desde as 6 horas, a liberação dos corpos - o que só foi feito por volta das 12 horas desta sexta-feira (15). Os sepultamentos de Manoel Francisco da Silva, 54, e Ariston de Jesus, 61, estão marcados para acontecer no Cemitério Bosque da Paz, às 14h30. 

Segundo parentes das vítimas, os corpos foram identificados, ao menos, quatro vezes. "Eles alegaram que precisavam fazer o reconhecimento mais uma vez, mas já fizeram quatro vezes. Três ônibus estão se deslocando para o cemitério, todo mundo está aflito", disse Marlos Souza, sobrinho de Manoel Francisco. 

Diogo Maurício dos Santos, filho de Ariston de Jesus, confirmou que os corpos foram trocados e lamentou o ocorrido. "É um absurdo o que estamos vivendo. Eu reconheci o corpo de Francisco, eles trocaram tudo: as digitais, os corpos, os parentes", desabafou. 

Em nota enviada após esta publicação, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) negou que os corpos de Ariston e Manoel foram trocados no IML. "Todos os corpos que dão entrada no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues passam pela identificação necropapiloscópica (confronto das impressões digitais), e só após a identificação e a necropsia são disponibilizados para as famílias", disse. O DPT disse que Corregedoria vai apurar "eventual falha de comunicação com as famílias". 

Na quinta-feira (14), a entrada de Diogo Maurício teve autorização demorada no edifício em que houve o incidente. Ele ficou desesperado do lado de fora. "É meu pai que está aqui dentro!", gritou, batendo no vidro do portão. "Abre, meu pai está aí dentro", repetiu.

Manoel Francisco e Ariston de Jesus eram amigos e vizinhos no bairro de Paripe. Por isso, as famílias optaram por fazer a despedida no mesmo local e horário. Eles eram funcionários de uma empresa de mudança e trabalhavam em um apartamento do sexto andar do Splendor Reserva do Horto.

Durante o serviço, o elevador em que os dois estavam despencou de uma altura de 25 metros. A cabine ficou completamente destruída, e os bombeiros só conseguiram retirar os corpos depois de duas horas. As causas do incidente estão sendo investigadas pela 6ª Delegacia de Polícia/Brotas. 

Ariston de Jesus Santos, uma das vítimas, tinha retornado ao trabalho como carregador de mudança há um mês. Ele havia quebrado dois dedos do pé durante um acidente de trabalho, na Pituba.