Confira a cronologia das buscas por menina que desapareceu após cair em córrego em Dias D'Ávila
Corpo de Amanda Teles, 12 anos, foi encontrado na tarde desta sexta-feira (29)
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Gilberto Barbosa
gilberto.neto@redebahia.com.br
Foram cerca de 48 horas de buscas pela pequena Amanda Teles, 12 anos, que desapareceu no início da tarde da última quarta-feira (27) após cair em um córrego na Avenida Lauro de Freitas, em Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador. O corpo da adolescente foi encontrado sem vida no início da tarde desta sexta (29) em uma tubulação localizada na Via de Ligação, às margens do Rio Imbassahy, a cerca de 1,5 km do local onde ela tinha caído.
A vítima foi encontrada na água embaixo de uma árvore, em uma região com muita vegetação. A família da jovem esteve presente no local, e a mãe de Amanda foi acolhida por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A Via de Ligação teve o trânsito interditado para a remoção do corpo. Uma homenagem para a adolescente está prevista para este sábado (30), no mesmo local do acidente.
A ação desta sexta contou com 80 bombeiros, equipes da Defesa Civil e voluntários. As equipes reconstruíram o trajeto da água desde o local da queda da jovem. “É uma notícia ruim localizar uma vítima sem vida. (Nós) só podemos abraçar a família nesse momento e entregar o corpo para que ela possa ter um enterro digno”, disse o comandante do Corpo de Bombeiros, Adson Marchesini.
Não há informações sobre o sepultamento de Amanda. Em uma publicação nas redes sociais, o Colégio Costa Santos, onde a pequena estudava, lamentou o caso. “Querida aluna, sua jornada acadêmica foi brilhante. Você deixará um vazio irreparável em nossos corações. Sua memória permanecerá sempre conosco. Que Deus a receba com amor”, publicou a escola. As aulas na instituição só serão retomadas após o enterro, segundo a TV Bahia.
A Prefeitura de Dias d’Ávila declarou luto oficial de três dias no município. “Agradecemos profundamente o apoio prestado pelo governo do estado, que foi essencial durante todo o processo, bem como a solidariedade da população e o empenho de todos os profissionais e instituições envolvidas. (...) Durante esse período, as bandeiras serão hasteadas a meio mastro”, informou, por meio de nota.
Cronologia das buscas
Amanda desapareceu às 12h22 da última quarta durante uma forte chuva na cidade. Ela estava a caminho de casa após sair da escola e passava pela via quando tropeçou, caiu e foi arrastada pela correnteza. Inicialmente se divulgou que a adolescente havia caído em um bueiro, mas na verdade foi em uma estrutura mais ampla feita para escoar a água das chuvas.
Dono de uma oficina mecânica em frente ao local, Valter Sousa Neves foi uma das últimas pessoas a ver a jovem antes do acidente e acompanhou as buscas na quinta-feira (28) "O córrego estava muito cheio, transbordando, e ela passou muito perto. Quando tropeçou, caiu direto e foi puxada. Eu tentei salvar, mas não consegui", contou.
Ele correu em direção ao local da queda, mas não viu mais vestígios da pequena. "Eu estava trabalhando e vi tudo acontecer. Foi tudo muito rápido, não deu tempo nem para ela gritar. É uma tragédia muito grande, uma menina nova", lamentou.
Familiares e amigos acompanharam o trabalho dos militares desde o primeiro dia. Os pais da vítima não quiseram ser entrevistados. Leiliane Teles, a mãe, tinha esperanças de encontrar a filha viva. “Prefiro sofrer em silêncio", chegou a dizer.
O professor de capoeira de Amanda, Alexandre dos Anjos Pinto, também presenciou o trabalho de busca e lamentou o desaparecimento. "Ela é uma menina sorridente, muito doce e querida por todos do bairro. Sinto muito que isso tenha acontecido com ela", falou.
Ainda na quarta, os militares realizaram o mapeamento da linha de escoamento das galerias de água pluvial. Por ser muito extensa, foram feitas aberturas intervaladas a cada 100 ou 200 metros para facilitar o acesso. Os bombeiros entraram no córrego e percorreram as galerias por onde passa a água, mas sem sucesso. A ação foi encerrada às 20h, sem a localização de Amanda.
Na quinta-feira, foram encontrados um dos sapatos e a mochila que a menina utilizava. As buscas foram concentradas em um córrego a 400 metros do local da queda, na Avenida de Ligação, em um local de difícil acesso por causa da vegetação. A ação contou com robôs, câmeras, drones e um helicóptero.
Segundo os militares, uma das dificuldades enfrentadas foi o mapeamento do trajeto feito pela garota após a queda. Como são várias galerias, não era possível precisar a direção que ela teria seguido. Agentes da prefeitura de Dias D'Ávila utilizaram máquinas para cortar a vegetação e auxiliar nas buscas.
As galerias subterrâneas do rio até a região em que a vítima caiu também foram vasculhadas, em um trajeto que incluiu diferentes córregos até o Rio do Toco. Devido à possibilidade de Amanda ter ficado presa em alguma das galerias, as proximidades do local da queda também foram periciadas. "Percorremos todas as possíveis rotas que ela possa ter feito”, declarou o Major André Matos, que atuou na operação.
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva