Assine

Concurso literário premia jovens escritores e poetas nesta sexta (14)


 

A premiação em Salvador finalizou a 5ª edição do projeto que busca de incentivar a leitura e escrita entre crianças e adolescentes

  • Yasmin Oliveira

Salvador
Publicado em 14/06/2024 às 21:32:13
A cartilha reúne todos os textos e ilustrações feitos pelos finalistas do concurso. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Com a temática “35 anos da Constituição Cidadã: quais são os meus direitos?”, a 5ª edição do concurso literário da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 premiou oito crianças e adolescentes em cerimônia nesta sexta-feira (14). A iniciativa busca incentivar as habilidades de escrita, leitura e artes nos jovens de comunidades periféricas.

“O concurso traz visibilidade a essas crianças, a vivência, ao olhar delas para o mundo. Além de trazer o protagonismo das crianças e adolescentes de uma forma palpável, através da escrita, da arte e de forma lúdica. As crianças são livres para trazerem pinturas, poemas e textos, onde eles trataram de questões referentes ao meio ambiente, à água, aos seus direitos de forma geral”, explica Flávia Palha, assessora regional da Cáritas Nordeste 3.

A sonhadora Stephany Sodré, 14, escolheu concorrer com uma poesia. Segundo ela, bastou analisar o tema para pensar na realidade das pessoas ao seu redor para conseguir fazer seu texto. Incentivada por sua professora e líder da comunidade do Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida Padre Ezequiel Ramin (CAPDEVER) em Sussuarana, ela acredita que este concurso foi só o primeiro passo para continuar como poetisa.

Os oito vencedores celebraram na Livraria Leitura. Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

“Fico muito feliz mesmo porque a oportunidade foi muito boa. Os adolescentes, hoje em dia, podem estar em qualquer lugar. No projeto, a gente aprende sobre a sociedade, sobre a nossa história e é muito bom mesmo”, conta a jovem poetisa.

Os poetas, ilustradores e escritores mirins do Centro Afro de Promoção e Defesa da Vida Padre Ezequiel Ramin (CAPDEVER), Centro Comunitário São José Operário e do Movimento Cultural de Águas Claras UBUNTU (Moca) se reuniram junto de seus responsáveis na Livraria Leitura, no Shopping da Bahia em Salvador, para celebrar os selecionados que foram publicados na cartilha do concurso.

Stephany Sodré, 14 anos. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Para Robson Abreu, pai de Paloma Abreu, ver a filha ser reconhecida pelo seu talento foi também ver que a parceria entre a família, a escola e o Moca está sendo construída para que ela se torne uma pessoa cada vez melhor e envolvida com a literatura.

“É de suma importância que com a situação atual da nossa sociedade, os jovens sendo poluídos por diversos fatores, saber que minha filha está com a mente voltada pra leitura. Isso me deixa lisonjeado, radiante e feliz. Confesso que, para mim, não foi nenhuma surpresa pela conduta dela, pelo caráter dela, pela criança que ela é”, expressou Robson Abreu, 37.

Robson Abreu e sua filha Paloma Abreu. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Entre os vencedores estavam: Nathália Carolina Souza Santana e Stephany Sodré Pereira dos Santos do CAPDEVER; Davi Miguel, Maria Alice e Camile de Jesus Sena do Centro Comunitário São José Operário e Paloma Pacheco dos Santos Abreu, Maxysuel Santos Costa e Maicon Jorlan Conceição Lima do Movimento Cultural de Águas Claras UBUNTU (Moca UBUNTU).

Paloma Abreu conta que a experiência de participar do concurso foi bastante interessante. Por estar entre as vencedoras, ela sorria enquanto mostrou seu desenho cheio de cores que foi inspirado por um outro feito por um de seus professores em sala de aula. “Vou mostrar meu desenho para todo mundo, estou muito feliz e lisonjeada”, conta.

A cartilha trouxe desenhos, textos e poemas. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

O concurso chega na molecada por meio do Programa de Infância, Adolescência e Juventudes (PIAJ) da Cáritas, onde comunidades inseridas nas Dioceses e Arquidioceses, como escolas públicas e filantrópicas, grupos e instituições comunitárias participam e indicam os jovens interessados para fazer a inscrição.

A líder da comunidade do CAPDEVER e professora, Roberjane Ribeiro, 55, relata que antes mesmo de passar a oportunidade para as crianças, ela sentiu uma emoção enorme. A professora cobrava tanto Stephany quanto Nathália Carolina e as auxiliava durante o processo de escrita de seus textos.

“Tem uma coisa que eu sempre digo aos jovens, eles devem e podem contrariar essas estatísticas que estão reservada para nós, meninas pretas e meninos pretos. Eles sabem que podem e a potencialidade deles, o mundo precisa conhecer”, finaliza Roberjane.

Nesta edição houve participantes da Bahia: em Salvador, Feira de Santana, Serrinha, Barreiras, Ruy Barbosa e Várzea do Poço. Já em Sergipe, participaram crianças e adolescentes de Aracaju e Capela. Além dos participantes no Pará e Amapá que também estavam presentes na cartilha.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo