Como as mudanças climáticas ameaçam a cultura? Fórum do G20 em Salvador debate soluções
Evento reúne autoridades de 120 países na capital baiana
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Maysa Polcri
maysa.polcri@redebahia.com.br
Os holofotes internacionais do G20, grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo, estão voltados para Salvador durante esta semana. Nesta segunda-feira (4), autoridades nacionais e estrangeiras participaram da abertura do Seminário Internacional Cultura e Mudança Climática, que acontece no Centro de Convenções Salvador (CCS). O potencial da cultura no enfrentamento dos eventos climáticos extremos será debatido ao longo da programação.
A preocupação com o tema não é por acaso. Enchentes nunca antes vistas, queimadas e o desmatamento intenso colocam em risco a cultura não só no Brasil, mas de todo o mundo. "Um em cada três sítios do patrimônio cultural está ameaçado por mudanças do clima, sendo atingidos por incêndios, tempestades e eventos cada vez mais extremos. Tivemos, recentemente, o caso do Rio Grande do Sul, onde 50 museus e 41 bibliotecas foram afetados pelas enchentes", lembrou Isabel de Paula, coordenadora cultural da Unesco.
A mesa de abertura do seminário contou com a participação das ministras Margareth Menezes, da Cultura, Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que participou remotamente. Também estiveram presentes o governador Jerônimo Rodrigues e Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador.
O encontro é mais um na esteira de preparação para a Reunião de Líderes do G20, que acontecerá no Rio De Janeiro, entre os dias 18 e 19 de novembro. Ao longo deste ano, diversas capitais brasileiras receberam comitivas do grupo internacional para debater temas como desigualdades, mudanças climáticas e cultura. O Brasil preside o G20 até o dia 30 deste mês.
As oficinas e mesas de discussão que vão acontecer nesta semana em Salvador deverão debater formas de desenvolvimento sustentável que respeitem as diversidades culturais. “O desenvolvimento sustentável aparece como uma crítica à ideia de que o progresso econômico significa uma exploração indiscriminada da nossa natureza. É nesse cenário que devemos promover estratégias concretas que devem estar associadas à política cultural”, avalia Rodrigo Rossi, advogado baiano que ocupa o cargo de diretor-geral da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI).
A ministra Marina Silva, que participou da mesa de abertura por videoconferência, foi aplaudida de pé após discursar sobre a relação entre as manifestações culturais e o meio ambiente. Ela alertou sobre a urgência de combater os eventos climáticos extremos. “Os 20 países mais ricos do mundo são responsáveis por 80% das emissões de gás carbônico e concentram 80% dos recursos financeiros. Eles têm capacidade de contribuir para o enfrentamento da tríplice global: social, climática e ambiental”, falou.
GT de Cultura em Salvador
Além do Seminário Internacional Cultura e Mudança Climática, Salvador recebe, até sexta-feira (8), a 4° Reunião Técnica do Grupo de Trabalho (GT) de Cultura e a Reunião de Ministros de Cultura do G20. Ao final do evento, acontecerá a Reunião Ministerial e a Declaração dos Ministros.
Voltado para as delegações de 120 países, produtores culturais e pessoas interessadas, os encontros contarão com seis atividades que terão como temas: redução de carbono por instituições culturais, planos de conservação e estratégias de adaptação no patrimônio cultural. As oficinas têm como objetivo capacitar instituições culturais a reduzir suas pegadas de carbono e outras iniciativas sustentáveis.
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, celebrou a realização dos eventos na capital baiana. “É um privilégio muito grande porque Salvador tem muito a mostrar sobre como se constrói uma cultura pautada no desenvolvimento social e urbano. Acredito que vamos aprender muito com esses países e que eles terão uma experiência única na cidade”, comemorou.
Os encontros reunirão ministros vice-ministros da Cultura de nações como Espanha, Alemanha, Índia, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes, Indonésia e Japão, além de representantes de mais de 20 organizações internacionais.