'Com a fé em Deus, vai ter justiça', diz mãe do Carlos Alberto, primo do menino Joel, que também foi morto pela polícia
A audiência de instrução será no mesmo dia em que PMs serão julgados pela morte de Joel
-
Bruno Wendel
bruno.cardoso@redebahia.com.br
Quase três anos após a morte do menino Joel, o primo dele, o auxiliar de serviços gerais, Carlos Alberto Conceição dos Santos Júnior, de 21 anos, foi igualmente abatido no Nordeste de Amaralina, durante uma ação de policiais da 40ª CIPM, unidade que atua no bairro. Se a dor das famílias é a mesma, a esperança também é igual. “Minha expectativa é a justiça, que os culpados sejam punidos. Com a fé em Deus, vai ter justiça”, declarou a mãe do rapaz, Rita de Cássia de Souza dos Santos, 56, sobre a audiência de instrução que acontecerá no dia 06 de maio deste ano, ocasião do júri popular do caso Joel.
De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), o início da audiência está marcado para às 08:15, no 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum de Sussuarana, onde 17 testemunhas serão ouvidas pela juíza Gelzi Maria Almeida Souza Matos e o representante do Ministério Público do Estado (MPBA) será o promotor Cássio Marcelo de Melo. Os policiais acusados deverão comparecer. São eles: os soldados Iapuran Cerqueira de Souza Júnior, Jeferson Silva França e Diego Luiz Jeferson Silva. Carlos Alberto foi morto no dia 13 de junho de 2013. “É muita dor. Carlos era o meu único filho. Já vai fazer 11 anos e nada resolvido. A gente fica sem saber o que fazer. Se eu tivesse outra condição de vida, já teria resolvido e não nessa enrolação, onde nada acontece”, declarou em prantos.
Carlos Alberto trabalhava em um hotel e estava de folga. Ele saiu para encontrar alguns amigos quando foi morto durante uma abordagem da polícia. “A vida sem Carlos é uma tristeza pra mim e para o filho dele, que neste mês faz 14 anos e não tem o pai. Em todo momento, vejo o meu filho quando olho para o meu neto. Ele sente muito a falta do pai e a gente conversa muito, porque senão ele seria uma criança revoltada por causa disso e eles (policiais) não estão nem aí”, disse a mãe.
Na ocisão, a Polícia Militar disse que uma viatura fazia ronda padrão no local quando foi recebida a tiros por oito homens, iniciando um tiroteio, que um homem foi baleado e socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE), acabou morrendo. A PM informou ainda que com ele foram apreendidos um revólver calibre 38 e pedras de crack. “Meu filho era trabalhador. Eles quiseram manchar a imagem dele, depois que perceberam que ele não era bandido. Eu durmo no sofá, para não ter que passar pelo quarto do meu filho. Tem muita coisa dele ainda que eu deixei intactas, não consegui ainda desapegar. Meu desejo era ter meu filho, mas isso não vai acontecer, então desejo agora é que quem fez isso com o meu filho tenha o que merece”, declarou Rita de Cássia.
O CORREIO pediu um posicionamento sobre a audiência de instrução e ainda perguntou se os policiais estão afastados à Polícia Militar do Estado (PMBA) e à Secretaria de Segurança Pública (SSPBA), mas até o momento não houve resposta. O espaço segue aberto.