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Seis pessoas morreram por usar sinais ligados a facções na Bahia em 2024


 

Relembre casos em que vítimas foram executadas por usar sinais cooptados por facções

  • Wendel de Novais

Publicado em 15/10/2024 às 06:00:00
Lorena provocou facção e acabou morta com esposo. Crédito: Reprodução

O fato de sinais associados a organizações criminosas colocarem qualquer pessoa em Salvador e na Bahia em risco se comprova nos registros violentos do estado ao longo de 2024. De acordo com um levantamento da reportagem, ao menos seis pessoas foram brutalmente executadas por utilizarem esses gestos. Outra vítima acabou morta apenas pelo fato de traficantes terem interpretado um envolvimento do homem com grupos rivais – o que não existia - pelo local onde ele morava. O crime foi em março. Ele morava no Tororó, onde até então havia atuação do Bonde do Maluco (BDM), e acabou morto por traficantes do Comando Vermelho (CV) ao ser encontrado em um paredão no bairro da Santa Cruz. 

Entre as seis vítimas, em janeiro, um ambulante foi agredido até a morte por utilizar uma camisa com o desenho do Mickey Mouse, em Saubara, no Recôncavo Baiano. Veja os casos:

Morte por sinais

23 de fevereiro, em Salvador

Um casal foi morto dentro da própria casa e na frente dos filhos no bairro de Massaranduba, na capital. Identificados como Lorena Rabelo dos Santos, 26 anos, e Everton Silva de Araújo, os dois viraram alvos do CV após Lorena fazer uma live onde saudava integrantes do BDM e provocava os rivais. Na live, que teria acontecido semanas antes, integrantes do CV chegaram a avisar que todos seriam mortos. Os suspeitos usaram uma escada para invadir o prédio ondes as vítimas moravam.

9 de abril, em Salvador

Uma mulher, que não foi identificada, acabou morta a tiros na Rua Neide Gama, no bairro do Engenho Velho da Federação. A vítima teria sido abordada por traficantes do CV no local que examinaram seu aparelho telefônico e encontraram vídeos em que ela faz um sinal em referência BDM. Depois, foi encontrada morta com dezenas de tiros na cabeça. Na época, o bairro registrava um momento de tensão com confrontos entre as facções.

Vítima tinha vídeos em que fazia saudação ao BDM. Crédito: Reprodução

7 de outubro, em Emissário de Arembepe/Camaçari

Músicos do Malê Debalê, Daniel Natividade, de 24 anos, e Gustavo Natividade, de 15 anos, foram mortos a tiros em um ataque do CV após posarem para foto onde faziam o número 3. Os dois não tinham vinculação com o crime, mas foram associados ao BDM, que tem o número como símbolo utilizado em pichações e saudações. Os irmãos foram perseguidos e executados. Duas pessoas acabaram feridas no caso.

Vítimas fizeram sinal de facção em fotografia. Crédito: Reprodução

Morte por desenho

3 de janeiro, Saubara

Neste caso, no início desse ano, um ambulante, identificado como Allisson Cerqueira Nascimento, de 18 anos, foi agredido até a morte por um grupo de homens na cidade de Saubara, no Recôncavo Baiano. Apesar de não ter ligação com o crime, ele foi assassinado porque usava uma camisa com o desenho do Mickey, que é vinculado a facção conhecida como ‘A Tropa’. Traficantes do BDM são suspeitos pelo crime.

Traficantes matam ambulante que usava camisa do Mickey, símbolo de grupo rival . Crédito: Reprodução

Morte por CEP

11 de março, em Salvador

Um homem identificado como Pedro Lacerda foi morto na madrugada de uma segunda-feira na Rua Onze de Novembro, na entrada do bairro da Santa Cruz. A vítima foi executada com mais de 50 tiros na cabeça por volta das 3h. Neste caso, ele não fez gestos ou usou símbolos vinculados a uma facção, mas acabou morto porque estava na área do CV e morava no BDM, tendo fotos no celular que os traficantes julgaram como uma ‘prova’ de que ele estava do lado da facção rival.

Homem foi morto com mais de 50 tiros. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO