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Cigana morreu asfixiada após tiro, diz laudo da necropsia


 

O esposo da vítima, também de 14 anos, é apontado pela família dela como o principal suspeito do crime

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 13/07/2023 às 20:57:10
Crédito: Reprodução

morte da adolescente de origem cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi causada por hemorragia, ou perda de sangue, que resultou em anemia severa. Além disso, o tiro interrompeu a passagem de ar, levando à asfixia e causando lesões generalizadas. As informações constam no laudo da necropsia, assinado na quarta-feira (12) pelo perito médico-legal e acessado pelo CORREIO.

Hyara Flor foi morta este mês em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro abaixo do queixo. O esposo da vítima, também de 14 anos, é apontado pela família dela como o principal suspeito do crime, que teria sido motivado por vingança. Ele e o sogro da menina fugiram depois do ocorrido, e ainda não foram encontrados.

De acordo com a advogada da família de Hyara, Janaína Panhossi, o laudo não define se o disparo foi feito de forma acidental ou intencional.

"O laudo que temos a conclusão até o momento é o da necrópsia, que é inconclusivo quanto à forma como se deu o fato, ou seja, indica apenas a causa da morte da Hyara", explica.

Ainda faltam alguns outros laudos serem liberados, como o do local do crime e da arma aprendida, que devem ajudar na conclusão do inquérito, de acordo com a advogada. As investigações estão em andamento.

O caso

Na segunda (10), o pai da adolescente, o autônomo Hiago Silva, 30, foi ouvido pela polícia e, emocionado, assumiu a autoria de um áudio em que ele diz ter "decretado guerra" contra a família de seu genro e que "vai morrer muita gente". O homem justificou que a declaração foi feita "no calor da emoção".

Depois de ter sido baleada, a adolescente chegou a ser socorrida para um hospital da região, porém não resistiu. Ela deu entrada na unidade com a informação de que teria se ferido no queixo ao ter limpado a pistola. No entanto, contradições levantaram a suspeita de que se tratava de um crime.

Suposta recompensa

Após a morte de Hyara Flor, circularam na internet publicações que divulgavam uma recompensa de R$ 300 mil para quem encontrasse o suposto autor do crime. O pagamento teria sido oferecido pelo pai da vítima, que negou a informação por meio de um vídeo publicado em seu perfil no TikTok por volta das 19h de segunda-feira (10).

"Eu não ofereci dinheiro pela cabeça de ninguém", defende-se Hiago. "Agradeço à população brasileira, que se comoveu com a morte da minha filha. A gente quer justiça. Isso, sim", enfatiza o homem.

Indícios de violência

Ainda conforme o informado por Janaína ao CORREIO, havia indícios de que Hyara Flor vinha sendo destratada pelo esposo na casa onde moravam — anexa ao imóvel dos pais dele. Na noite anterior a sua morte, a menina ligou para o pai pedindo que fosse visitá-la, a fim de lhe falar 'algo importante'. O pedido, porém, não pôde ser atendido por Hiago, que estava em viagem a uma cidade vizinha.

"No velório, inclusive, eles perceberam algumas marcas no braço dela que supostamente eram de agressões", relatou a advogada. Além disso, após a morte da adolescente, a família teve acesso a conversas de WhatsApp entre o casal. "Era uma relação de muito pouco afeto por parte dele, que demorava muito a responder as mensagens e, quando ela pedia alguma coisa, respondia com grosseria", descreveu.