Caso Sara Mariano: “Ele chorou e disse que sentia saudade dela”, diz delegado
Marido confessou o crime depois de cair em contradições no depoimento
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Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
Foram cerca de 3h de depoimento. No começo, o pastor e produtor musical Ederlan Mariano negou qualquer envolvimento com a morte da esposa, a pastora e cantora gospel Sara Mariano, 35 anos, mas quando os investigadores começaram a questionar detalhes da história ele caiu em contradição, chorou e confessou o crime. “Ele chorou muito, disse estar preocupado com a filha e com saudade da mulher”, disse o delegado Euvaldo Costa.
Durante os três dias em que Sara ficou desaparecida, Ederlan fez campanha e deu entrevistas se dizendo emocionado e pedindo ajuda para encontrá-la. O corpo de uma mulher foi localizado na sexta-feira (27), na BA-093, em Dias D’Ávila, na Região Metropolitana. A vítima estava carbonizada, mas Ederlan garantiu aos policiais que se tratava da esposa dele. Em seguida, foi até à polícia para prestar depoimento. O titular da 25ª Delegacia (Dias D'Ávila), Euvaldo Costa, foi quem o recebeu para a conversa.
“Ele não admitiu de início, foram mais de 3h de interrogatório, mas diante das contradições ele acabou admitindo o que fez e apresentou uma justificativa que estamos investigando. Ele chorou muito, disse estar preocupado com a filha e com saudade da mulher”, contou.
Enquanto Ederlan conversava com o delegado os trâmites para a prisão temporária dele estavam em andamento. O pedido foi aceito pelo Poder Judiciário ainda durante o depoimento e no final da conversa o pastor foi preso. A polícia preferiu não divulgar o local onde ele está detido. Agora, os investigadores têm 30 dias para concluir o inquérito. O prazo pode ser prorrogado uma única vez por mais 30 dias.
O delegado explicou que aguarda os laudos da perícia para confirmar que o corpo carbonizado é realmente de Sara e para saber detalhes do crime. A polícia quer saber se a vítima foi torturada, se foi estuprada e como ela foi morta, e não descarta a participação de mais pessoas no crime.
Neste sábado (28), um homem foi detido pela Polícia Militar suspeito de ser o motorista que levou Sara até Dias D’Ávila no dia do crime. Ele está sendo ouvido, nesta tarde, pelo delegado que investiga o caso. A família de Sara é do estado do Ceará e está fazendo uma mobilização nas redes sociais para conseguir a passagem para levar a menina de 11 anos, filha do casal, para morar com a avó.
Crime
Ederlan e Sara estavam juntos há mais de 10 anos. Eles são do Ceará, mas moravam em Valéria, na periferia de Salvador. A igreja que eles frequentavam fica na mesma região e Sara estava construindo uma carreira como pastora e cantora gospel, sendo assessorada pelo marido. A suspeita é de que ele descobriu uma traição amorosa. A polícia não confirmou, mas disse que está investigando.
No dia 24 de setembro o casal teve um desentendimento e os investigadores acreditam que foi nesse momento em que Ederlan começou a traçar o plano para matar a esposa. Na terça-feira (24), ela saiu de casa para participar de uma suposta homenagem às mulheres, em Dias D’Ávila. O evento não existia, foi uma emboscada. Sara gravou um vídeo para as redes sociais dela quando estava no carro, feliz, e depois desapareceu.
Ela foi encontrada três dias depois, carbonizada às margens da BA-093. A polícia acredita que Ederlan panejou todo o crime, mas que a execução foi realizada por outras pessoas. Durante os três dias em que ela ficou desaparecida ele fez campanha e deu entrevistas se dizendo emocionado e pedindo ajuda para encontrá-la. O delegado contou que ouviu cerca de dez pessoas e frisou que a investigação ainda está em andamento.