Casa do Benin celebra 64 anos de independência do país africano
Celebração teve palestras e conferências
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Da Redação
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A Casa do Benin, museu que abriga um vasto acervo da herança africana, celebrou, nesta quinta-feira (1º), os 64 anos de independência do Benin, com a presença de beninenses para a participação de diversas atividades ao longo do dia. A data contou com uma mesa de abertura, com a realização de conferências, de um desfile de moda africana, com o depoimento de empreendedores e a entrega de certificados.
O evento foi aberto por uma mesa com a presença de Chicco Assis, diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da Fundação Gregório de Matos (FGM); Igor Tiago Gonçalves, gestor da Casa do Benin, e do presidente da Diáspora Beninense, Codjo Olivier Sossa. Logo em seguida, houve uma conferência sobre Vodun e Candomblé com Abiola Yayi, que tem uma história com a Casa do Benin, já que os pais dele foram os primeiros beninenses a atuar como gestores do equipamento, logo quando ele foi inaugurado.
“Neste 1º de agosto são completados 64 anos da independência do Benin e pela primeira vez estamos comemorando, juntamente com a Diáspora Beninense no Brasil, aqui na Casa do Benin, espaço que completou 36 anos em maio. Então, há beninense de todos os lugares do país presentes hoje para comemorar a data”, disse Igor Tiago.
Para o gestor, embora seja a primeira vez em que o evento é realizado por meio dessa parceria, o equipamento vem incorporando o 1º de agosto no calendário de programações, entendendo a importância de se comemorar a Independência do Benin.
“Ano passado, abrimos a exposição Lapso Temporal em celebração aos 35 anos da casa, justamente no dia 1º de agosto, celebrando também a emancipação do país africano. Esse ano a diáspora chega junto com a gente para poder potencializar o dia. A ideia é que a gente fortaleça esta data e que nos próximos anos a gente consiga celebrar com cada vez mais potência como a ocasião merece”, complementou.
Segundo Olivier Sossa, foi um dia especial. “Para nós, é muito importante comemorar esta data aqui, em um lugar muito especial para nós. Depois de 64 anos de independência do Benin, tivemos progresso, paramos um tempo, então temos que parar um pouco para olhar para trás, ver as conquistas e as dificuldades para poder reorientar as ações de políticas públicas para o futuro da nossa nação. Então aqui também é um espaço para a troca de ideias, para entendermos o que podemos fazer daqui para frente para poder avançar e entrar no patamar dos países em desenvolvimento”, opinou.
Ele contou que criou um grupo que já possui a participação de 600 beninenses no Brasil, por onde foi possível divulgar o evento, além de ressaltar que a realização do encontro aqui em Salvador serviu também para que muitos que ainda não conheciam o espaço passassem a conhecer.
“Temos uma relação muito forte em termos de cultura e de ancestralidade. Lembro que a história do Brasil começou com a escravidão dos beninenses e de pessoas oriundas de todo o continente africano, que vieram para cá. A primeira parada foi aqui na costa da Bahia, depois foram distribuídos para outras regiões, países e continentes. Então aqui foi o ponto de partida de tudo. Celebrar aqui, é muito importante”, complementou.
Desfile
À tarde, o evento contou com a realização de um desfile de moda com a participação de modelos beninenses, esbanjando muita estampa e também alguns tons de branco, além da composição com acessórios.
“Cheguei no Brasil em 2012 em um programa de intercâmbio pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Tenho uma escola de idiomas e comecei com as aulas de iorubá. Ao longo do tempo, percebi a necessidade de conectar os negros diaspóricos com a África, mas especificamente o Benin. O meu espaço em São Paulo, na verdade, não é uma loja, mas um espaço cultural onde as pessoas vão para comprar roupas em 30 minutos e acabam ficando três horas conversando e se conectando com a ancestralidade. Roupa africana não é só beleza. É uma questão de identidade, representatividade, poder e resistência. Apoiem os imigrantes e empreendedores negros”, diz o estilista Abbé Tossa.
A programação foi encerrada com o depoimento de empreendedores, conferência, entrega de certificados de reconhecimento para representantes que contribuíram para a construção da Diáspora Beninense e uma cerimônia com a presença do presidente da FGM, Fernando Guerreiro. Espaço de intercâmbio entre as culturas africanas e brasileiras, a Casa do Benin fica na Rua Padre Agostinho Gomes, 17, no Pelourinho.