Candidatos com TDAH terão uma hora a mais para fazer prova do Enem; entenda
Especialistas explicam como os sintomas podem atrapalhar a realização da prova
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Maysa Polcri
maysa.polcri@redebahia.com.br
Candidatos que realizarão a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e forem diagnosticados com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) terão direito uma hora a mais nas provas. As solicitações de tempo extra foram realizadas no momento da inscrição e, ao todo, 13.686 candidatos com o transtorno tiveram pedidos atendidos, de acordo com o Ministério da Educação (MEC).
Pessoas com TDAH têm dificuldades de concentração, por isso, o tempo maior para a realização da prova deve auxiliar os candidatos. “O transtorno consiste num padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento”, explica Priscilla Pardo, psicóloga clínica especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
O número de pessoas com TDAH representa 75% de todas as solicitações atendidas para o tempo extra de prova, que foram feitas por 18.626 candidatos. Para eles, a prova do primeiro domingo (5) terá 6h30 de duração e, a do segundo dia (12), 6h.
A psicóloga clínica Taiane Andrade lembra que existem remédios que aumentam o foco e atenção. Por isso, nem todos os pacientes diagnosticados com o transtorno teriam necessidade de realizar a prova com o tempo extra. “Com o diagnóstico, os pacientes podem ter acesso a medicamentos que aumentam a concentração. Para eles, uma hora a mais talvez não seja o justo”, analisa.
Para a profissional, o tempo extra pode compensar a falta de atenção que candidatos com TDAH que não tomam medicamentos teriam. “A dificuldade de prestar atenção em estímulos externos dá ao sujeito a maior dificuldade em finalizar tarefas”, completa Taiane Andrade.
Além dos candidatos com o transtorno, 1.135 pessoas com dislexia terão direito a uma hora a mais. A condição está associada a dificuldade para reconhecer símbolos gráficos e organizar letras e números mentalmente. Para ter direito ao benefício, os candidatos precisaram comprovar as condições com laudos médicos.
“Quando pensamos num transtorno que interfere na capacidade em se manter focado, estamos falando de um candidato que demandará de mais disciplina e energia para realizar a prova”, argumenta a psicóloga Priscilla Pardo.
Ao todo, 38.101 solicitações de atendimento especializado foram atendidas no Enem deste ano. O Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) foram questionados sobre quantos pedidos foram aceitos na Bahia, mas não responderam.