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Buscas por jovem soterrado em Saramandaia mobilizam mais de 100 pessoas


 

Corpo de Bombeiros faz trabalho delicado em área de risco para encontrar vítima de 18 anos, desaparecida desde quarta (27)

  • Wendel de Novais

Publicado em 28/11/2024 às 08:53:54
Trabalho é dificultado pela quantidade de lama no local. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Um efetivo de 64 bombeiros e mais 50 moradores voluntários trabalha em conjunto nesta quinta-feira (28) para retirar os escombros e o barro nas buscas por Paulo Andrade, de 18 anos, soterrado após o desabamento no bairro de Saramandaia, em Salvador, na quarta-feira (27). Outras três vítimas foram resgatadas e uma pessoa morreu.

O desabamento deixou pelo menos 10 casas debaixo de terra na região e soterrou, além de Paulo, mais três pessoas que foram resgatadas. Por conta do grande volume de terra e da urgência para resgatar Paulo, o tenente-coronel Aloisio Fernandes, comandante da operação no local, relata que o número de bombeiros chegou a superar a casa da centena.

"Nesse momento de rotação, quando as equipes estão sendo trocadas, a gente tem 64 bombeiros, mas ontem nós trabalhamos aqui com 112 bombeiros durante o dia e ao longo da noite. Ao longo do dia, a gente pode aumentar o quadro, mas é um trabalho delicado e uma área confinada. Então, a gente atua com um número restrito", fala Aloisio.

Vinte e quatro horas após o desaparecimento do jovem, o cuidado se dá para que não aconteça um novo desabamento com a circulação de muitas pessoas nas imediações. A todo instante, entretanto, bombeiros retiram os escombros e tentam se aproximar de Paulo. Há também um revezamento com os voluntários que, orientados pela equipe de bombeiros, também retiram lama para que as buscas não parem.

Diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo deu ênfase ao apoio da comunidade. "Nunca vi uma mobilização nessa proporção antes. Não sei precisar, mas há ao menos cinquenta pessoas ajudando. Talvez, cem pessoas, se contarmos as que ajudam com refeições, informações e no que for possível. Lá em cima, tem muita gente carregando balde", fala o diretor.

Aloisio Fernandes também dá destaque ao papel dos moradores. "A comunidade teve um papel fundamental no planejamento da nossa operação. Inicialmente com as informações precisas da residência, das possíveis vítimas e, depois, fazendo parte de apoio ao trabalho dos bombeiros aqui de maneira organizada", completa.

Entre as vítimas soterradas, estavam Diane Andrade, de 33 anos, mãe de Paulo, Marcelo Heitor, de 6 anos, que é irmão de Paulo, e Adriano dos Santos, de 30 anos, que mora na região. Todos os três foram resgatados.

Veja o que se sabe sobre eles:

1) Marcelo Heitor, seis anos

Filho de Diane Andrade, 33 anos, o pequeno Marcelo Heitor foi a primeira vítima a ser resgatada. Ele foi entubado e encaminhado para o Hospital do Subúrbio.

2) Diane Andrade, 33 anos

Diane Andrade tem 33 anos, é cabeleireira e, no tempo vago, trabalha com salgados e doces para festas. Ela mantinha um salão de beleza na varanda de casa, que ficou destruída após o soterramento. Casada, é mãe de Marcelo Heitor, seis anos, e Paulo Andrade, 18 anos. É conhecida na vizinhança por ser religiosa e frequentar a Assembleia de Deus todas as segundas, quartas e domingos.

Ela foi socorrida e encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE). A última atualização sobre seu estado de saúde foi por volta das 19h, quando ela estava passando por uma cirurgia na perna.

3) Adriano dos Santos, 30 anos

Adriano dos Santos tem 30 anos, é pintor e trabalha com emplacamento de carros. No momento do acidente, ele tinha acabado de retornar para casa em busca do guarda-chuva e foi surpreendido pelo desabamento. É casado e pai de cinco filhos. A esposa, que estava em Feira de Santana, voltou para Salvador assim que soube do acidente.

Ele foi socorrido por volta das 15h50 e encaminhado para o HGE com suspeita de deslocamento na bacia.

4) Paulo Andrade, 18 anos

Paulo Andrade é filho de Diane Andrade e irmão de Marcelo Heitor. Ele completou 18 anos recentemente. A suspeita da família é que, no momento do acidente, ele estivesse em casa se preparando para ir ao estágio. É definido pelo pai e pela tia como um garoto tranquilo e prestativo, que auxiliava a mãe a obter renda.

Com informações da repórter Larissa Almeida