'Batizados no PCC': traficantes alvos de operação atuam em conjunto com facção de São Paulo
Acusados coordenavam tráfico e ordenavam homicídios de dentro dos presídios
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
Dos sete presos que foram alvos de mandados da Operação Hégira, deflagrada na manhã de quarta-feira (22) em presídios de Salvador, dois traficantes são 'batizados no Primeiro Comando da Capital (PCC)', além de serem lideranças da facção Bonde do Maluco (BDM). Na prática, o batismo na organização criminosa de São Paulo representa impacto em ações na Bahia e no estado do sudeste.
Tanto que, nas celas, os acusados estavam com celulares para comunicação e cadernos com anotações de contatos, contas bancárias e coordenadas do tráfico. Coordenador de combate à corrupção e lavagem de dinheiro do Draco, o delegado Alexandre Galvão não cita o nome das organizações, mas detalha a ação dos dois que têm ligação direta com o PCC.
“Dos três principais chefes que conseguimos mapear, dois são, sem dúvida, vinculados a uma facção paulista. Nós acreditamos que um terceiro também seja, mas não temos ainda a comprovação material disto. Eles, de dentro do sistema prisional, determinam quem vende o quê e quais as consequências para aqueles que não cumprem suas ordens”, detalha o delegado.
A operação resultou ainda no bloqueio de 37 contas bancárias dos investigados. Não há, porém, informações sobre quantas dessas contas estavam vinculadas aos dois traficantes que fazem parte do PCC. Uma fonte da polícia, que prefere não se identificar, dimensiona o impacto da ligação dos dois traficantes com a organização criminosa.
“Eles são batizados no PCC. Podem, por exemplo, chegar na comunidade de Paraisópolis, um dos principais centros da facção em São Paulo, e serem recebidos. Eles têm representatividade no Sudeste, o que abre lastro para negociações por drogas e um maior acesso ao BDM, que é facção de origem dos dois, das armas de maior poder de fogo que estamos vendo na Bahia”, explica a fonte.
Questionado sobre como a ligação entre os dois traficantes e o PCC foi comprovada, o delegado Galvão afirma que a Polícia Civil teve acesso a um material com informações de ações coordenadas entre a facção paulista e os alvos da operação.
“Encontramos muito material de inteligência, material comprobatório, anotações, números telefônicos, números de contas bancárias e coisas do gênero. Em algumas das celas, também encontramos celulares usados para realizarem comunicação para fora do sistema prisional”, completa.
A investigação que culminou na Operação Hégira teve uma duração de 22 meses até aqui e está na 10º fase. Os outros cinco presos alcançados pela ação também se configuram como lideranças criminosas em território baiano, mas não extrapolam as fronteiras estaduais.