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Bahia registrou mais de 30 fetos com suspeita de doenças causadas por zika neste ano


 

Em 2015, o país viveu epidemia de casos de microcefalia por conta do vírus da zika

  • Maysa Polcri

Publicado em 20/09/2024 às 06:00:00
País viveu epidemia de casos de microcefalia em 2015. Crédito: Shutterstock

O Brasil vivenciou uma epidemia de casos de microcefalia relacionados à zika, entre 2015 e 2017. A doença, transmitida aos fetos pelas gestantes infectadas pelo vírus, causa má formação do cérebro dos bebês e não tem cura. Agora, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) observa o aumento de síndromes relacionadas ao vírus identificadas em fetos.

Entre janeiro e agosto deste ano, 31 casos suspeitos de síndrome congênita associada à infecção pelo zika vírus foram identificados no estado. O número representa um aumento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. As informações fazem parte de um boletim divulgado pela Sesab.

A relação entre gestantes infectadas e bebês com microcefalia se dá porque o vírus atinge as células do cérebro, como explica Gúbio Soares, virologista que primeiro identificou a zika no Brasil. “O vírus tem uma forte atração pelas células precursoras dos neurônios. Então, quando o cérebro está em formação, essas células são mortas pelo vírus”, detalha o médico.

Os principais sintomas da infecção pela zika são dor de cabeça, febre baixa, dor nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Para se proteger, grávidas devem evitar frequentar localidades endêmicas, utilizar repelentes e colocar telas em janelas e portas. A zika é transmitida pelo mosquito aedes aegypti. 

Segundo a Secretaria de Saúde, quatro casos estão sendo investigados e 27 estão sem classificação. “Os casos sem classificação necessitam passar por um processo de investigação para conclusão. É recomendado até 180 dias, a partir da data de notificação, para encerramento oportuno dos casos”, diz o documento.

A partir da notificação dos casos suspeitos, o Ministério da Saúde recomenda que sejam feitos testes para identificar outras causas que não a zika. Entre elas estão: síflis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes. 

O número de casos prováveis de gestantes infectadas pelo vírus, na Bahia, também cresceu. Foram 47 neste ano, contra 16 no ano passado, o que representa um aumento de 194%. Nenhuma morte foi registrada até então. Os registros foram feitos em 26 cidades do estado, mas as localidades não foram divulgadas. 

A maioria das gestantes está na faixa etária entre 20 e 29 anos (15) e se autodeclaram de cor parda (18). Quanto ao sexo das crianças, destaca-se o masculino (15). A macrorregião de saúde leste possui a maior concentração de casos (8), principalmente na Região de Saúde de Salvador (6).

No boletim, a Sesab reitera a importância de aumentar os cuidados com as mulheres grávidas. “Ressalta-se a importância da suspeita diagnóstica de Zika em gestantes, oportunizando medidas necessárias para o acompanhamento e monitoramento durante o pré-natal, com a garantia da realização de exames necessários e específicos”, informa.

Apesar do aumento dos casos prováveis de síndromes por conta da zika, o número de infectados diminuiu na Bahia em relação ao ano anterior. Até agosto, foram 1.078 casos prováveis da doença, contra 1.664 no ano passado.

Em 2015, quando o país vivenciou uma epidemia, foram notificados 312 casos suspeitos de microcefalia com perímetro cefálico menor ou igual a 32 centímetros na Bahia. Os casos ocorreram em 69 municípios, sendo Salvador o que apresentou o maior número, com 173 casos (55%).